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crítica
Banda soa confusa ao buscar tema "cabeça"
THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL
"VIVA la Vida or
Death and All His
Friends": não satisfeitos em cantar as complicações do amor, a solidão, enfim,
sentimentos mundanos, o
Coldplay aventura-se em implicações filosóficas que acompanham a civilização ocidental
desde a Grécia Antiga: a Vida e a
Morte. Em duas línguas diferentes. La Vida. The Death.
Empreitada espinhosa até
mesmo para uma banda da
FFLCH, da USP. Mas um grupo
que vendeu mais de 30 milhões
de cópias de seus três discos já
lançados pode se dar ao luxo de
recorrer a um orientador de reconhecida capacidade.
Esse orientador é Brian Eno,
produtor de alcance múltiplo,
convocado para imprimir certas experimentações às conhecidas baladas pop do Coldplay.
O resultado é que "Viva la Vida" é mais ambicioso, menos
convencional do que os anteriores. Mas, não necessariamente, superior aos outros.
O que fez do Coldplay uma
banda popular foi a capacidade
de encaixar letras simples, mas
eficazes, em músicas que se não
primavam pela originalidade,
pelo menos tinham melodias
bem montadas e lapidadas.
Letras eficazes e melodias lapidadas são qualidades que faltam a "Viva la Vida". Mas o disco tem virtudes -tentar algo
diferente já é positivo...
A primeira faixa, "Life in
Technicolor", por exemplo, é
toda instrumental, num crescendo de cordas e bateria.
A voz de Chris Martin só aparece na música seguinte, "Cemeteries of London", faixa que
remete à latinidade de Frida
Kahlo, uma das inspirações da
banda ao compor o álbum.
A dualidade vida/morte é claramente explícita em pelo menos três canções: "Lovers in Japan/Reign of Love"; "Yes/Chinese Sleep Chant"; "Death and
All His Friends/The Escapist".
As três estão "divididas": tanto o andamento das músicas
como as letras são distintas entre uma metade e outra das faixas. O resultado? Confuso...
"Yes" tem inclinação oriental,
enquanto "Chinese" funciona
como um exercício de estilo do
guitarrista Jonny Buckland.
Mais difuso, menos focado. É
o Coldplay 2008. Living la vida.
VIVA LA VIDA OR DEATH AND ALL HIS FRIENDS
Artista: Coldplay
Gravadora: EMI
Quanto: R$ 30, em média (à venda a
partir de 12 de junho)
Avaliação: regular
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