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NOITE ILUSTRADA
ERIKA PALOMINO
Cena underground
precisa se mexer
A cena club em São Paulo vive
momento dramático. Como disse
o próprio DJ Mau Mau, numa reportagem nesta semana na
"MTV", está tudo muito underground. Só que as noites da cultura
underground estão um tédio.
Ninguém quer ir, há no ar a sensação de que "não tem nada para
fazer" e fica ainda esse problema
de pagar ou não pagar, ser ou não
VIP etc.
Outro problema é que os clubes
underground são véios de guerra
para todo mundo, dá mesmo a
sensação de que a noite é sempre
igual. (São Paulo não é Nova York,
mas nas duas cidades tem sempre
gente reclamando que "não tem
nada acontecendo".)
Do outro lado, na linha dos superclubes abertos com pompa em
novembro, a fórmula está dando
pala. O Betty Boom dá sinais de desencontro, encerrando as duas
noites do underground que até então abrigava: a Breakin', de Mau
Mau e Pareto, e a Space Disco,
projeto solo de Pareto.
O Florestta enfrenta problemas
de divulgação e de som, por exemplo. Na festa da Kaos, semana passada, o povo teve que se jogar para
a frente da caixa para tentar ouvir
melhor: em frente à cabine a música era baixíssima (o lugar hype para ficar no clube é ali os sofás no
palquinho da pista, perto da entrada. Assim ninguém precisa usar a
chapelaria e tem onde sentar.)
A tentativa utópica do ecletismo
também não tem funcionado e os
guetos estão de volta. Por isso, iniciativas como as Festas do Sítio e
as festas menores, como a Homemade (já em sua segunda edição),
de Simone, Careca e Luiz, fazem
mais sucesso e conquistam a simpatia das pessoas. O convite desta
festa recupera o humor nos flyers
que já foi marca da noite em São
Paulo e conclama a pagar "a merreca dos R$ 5".
A tese "tecno para as massas"
continua esquisita. A tomar por
Robert Miles no clube B.A.S.E. O
povo da noite e do underground
em si torceu o nariz, mas há que se
respeitar todo mundo satisfeito:
Miles tocando handbag e a tal
"dreamhouse", (insuportável) fenômeno detonado por ele mesmo
na cena internacional. Mixando
direitinho, ganhando dinheiro
com isso e não enganando ninguém. Tudo certo. (Com exceção,
talvez, de a casa cobrar o preço do
ingresso meio alto, R$ 40).
Outro fenômeno atual é o fundamento dos cinco reais. Tudo o que
tem dado certo custa R$ 5. Tipo o
Chill-in e a noite Hot Stuff, no bar
The Cube, que espertamente catou
o momento aleijo e criou um crossover de bar/clube, após as 2h/3h,
que é quando as pessoas chegam
aos clubes mesmo, em São Paulo.
Por outro lado, ao menos as pessoas do underground estão menos
preconceituosas e teve muita gente
que foi, por exemplo, à festa de
Miles.
E assim vice-versa: a nata do
mainstream tem também circulado em outros ambientes, seja para
"dar uma força", ver como está
ou variar de lugar.
É hora dos promoters e donos de
casas noturnas tentarem novas soluções. De investir em equipes de
divulgação e promoções para trazer as pessoas de volta aos clubes.
São Paulo está cheia de bons DJs,
mal aproveitados e/ou valorizados. A cultura club precisa existir
também dentro dos clubes.
AlÉM de poder acessar Noite Ilustrada via Internet, através do Universo Online, esta coluna agora
tem e-mail: palomino@uol.com.br
Ainda, você pode ligar para o Folha Informações Ilustrada e conferir um animado roteiro da noite
em SP. O telefone é 0900-78-0311.
A ligação custa R$ 2 por minuto.
AGORA em versão sem gesso,
esta coluna (e a colunista também)
fica mais animada.
DA série "Na minha ausência..."
...Já abriu a loja da Escola de Divinos na galeria Ouro Fino (Augusta
com a Oscar Freire), só que no térreo. Com acessórios da querida
Charlotte Maluf. Enquanto isso,
Alexandre Herchcovitch e seu no
vo corte de cabelo se preparam para abrir, com Marcelo Sommer, só
para venda de t-shirts. Quem deve
trabalhar na loja: o top-clubber
Johnny Luxo e sua nova cor de cabelo, tipo ruivo-laranja.
... Todo mundo ficou bêbado na
festa do lançamento de um drink
energético no Jóquei. Que também, segundo testemunhas, "dá
coco mole".
... Diz que foi tipo "linda", mas
não muito cheia, a festa Mission, lá
no galpão Fábrica, com 30 globos
de espelho como decoração.
... O clubbers do Rio ficaram praticamente órfãos. A rádio "RPC"
termina seção dance music, onde
o programa "Dance Masters" era
um clássico para ouvir no caminho das festas.
... As pohacontas cariocas se multiplicam. Elas usam pouca roupa
(calcinhas e shorts são obrigatórios), quase sempre preta, têm o
cabelo colorido, usam "chucas"
tipo Emilia, máquina 2 na base do
cabelo; têm tatoo, piercings, botinha alta ou coturno com meia,
também alta.
E por falar em Rio, os clubbers cariocas ficam praticamente órfãos
com a extinção do segmento dance
da rádio RPC. Principalmente com
o fim do programa "Dance Masters", do apresentador Marcelinho, um clássico dos sábados, para ouvir antes das festas. E por falar em Rio, hoje tem outra edição
da festa tecno Oops, na r. Muniz
Barreto, 448. E quem está fazendo
a vidinha lá pelo Rio é o DJ Alfred.
Belíssimo, e já está até produzindo
suas músicas por lá. Boa sorte!
Cláudia Guimarães/ Folha Imagem
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Da série personagens da noite, o popularíssimo Mario Gildo, agora também DJ de drum & bass
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DA festa de aniversário do Pil
Marques no sítio: de baixo de um
frio do cão o povo foi mesmo para
o tal do sítio, na Anchieta. Há
quem esteja doente até agora, de
gripes e aleijos afins. Mas diz que
estava legal. Um dos hypes era
atravessar a chuva para chegar ao
banheirón. Mas o povo deitou e
rolou. Acabou meio-dia, entre
tentativas de sair de lá -sempre o
maior problema nestas festas fora.
ENQUANTO isso a Selma Self Service (maaagraaaa!) prepara seu primeiro disco, para sair em setembro. Mau Mau e Renato Lopes já
estão confirmados, com faixas
inéditas. E a Selma toca amanhã
no Alvorada, um dos lugares mais
bacanas da cidade no momento,
coordenado por Marcão Morcerf.
A casa é outra que sofre com problemas de divulgação, mas vale a
pena conhecer.
E a notícia boa: na próxima semana é o primeiro aniversário da
Quarta alternativa do Gourmet, da
Dani, Marcelo Hirata e Marcelo
Índio, os três educadíssimos. E
olha que educadíssimos na noite é
uma dificuldade! Eles conseguiram levantar a quarta-feira na cidade e promover o trânsito ali naquele pedaço dos Jardins, na Consolação com a Jaú, do Cube para o
Gourmet em si.
TAMBÉM na quarta, a videomaker Ruth Slinger é a DJ do Cio, noite de Glaucia Mais Mais no Cube.
ATENÇÃO: depois de longa ausência (um mês!), Mau Mau toca
amanhã no Hell's.
E os portugueses, como não falam
o H na frente, pronunciam 'ause'
(house). E hoje tem o DJ Paulo,
aquele que é cego, no Alien.
Atenção para as participações do
povo da noite no evento "Babel",
do Sesc (r. Paes Leme, 149, Pinheiros, ex-Dama Xoc). Os DJs Andrea
Gram e Renato Lopes: dia 7, sábado; Ida Feldman na segunda; Roberta (ex-Hell's) no sábado, dia 7;
a diva trash Laura de Vison na sexta, dia 6, às 22h15; a banda P.U.S.,
na segunda, às 21h15; o Tétine, dia
4 às 21h15; os animados Habitants
dia 4 às 22h15.
DEPOIS, Loop B na quinta, às
21h45, a linda Taciana na sexta, às
21h55, com a top bolacha Laura
Finnochiaro na sequência.
E foi grandiosa e bem-produzida a
festa do hangar, semana passada,
da Jack Daniel's. A idéia é maravilhosa e deixou o público deles feliz.
Tá certo. Mas bem que poderia ter
sido uma rave mais underground.
Com certeza, dona Tereza.
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