São Paulo, sexta-feira, 30 de junho de 2000


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MUNDO DE BACO
Tintos chegam para esquentar o inverno

JORGE CARRARA
COLUNISTA DA FOLHA

Novos desembarques de exemplares tintos da vinícola chilena Carmen e das argentinas Finca Flichman e Altos de Medrano ajudam a dar calor aos copos no inverno que se inicia e deixam claro que os vinhos do Cone Sul (especialmente os platinos) continuam em plena ascensão.
Da Carmen, uma das adegas mais antigas do Chile (foi fundada em 1850), mas que conta com uma das mais modernas cantinas do país (construída em 1992), chegaram três novos tintos Reserve: o winemaker's 97 (de corte de uvas não-declarado), um merlot e um syrah-cabernet sauvignon -todos safra 98.
O winemaker's, encorpado e muito caro para o seu desempenho, tem paladar com boa complexidade (frutas vermelhas, baunilha, pimentão) e o syrah (55%) cabernet sauvignon (45%) atrai pelo aroma (framboesa, leve eucalipto) e sabor frutado que finaliza com um toque de chocolate.
O merlot é o mais denso. Tânico ainda e bem encorpado, com uma estrutura que lembra um vinho californiano, precisa de tempo no copo para soltar seu aroma, que lembra o de ameixas temperadas com suave torrado.
Da ala dos pampas, chegaram às prateleiras da cidade os Reserva (malbec, merlot, cabernet e syrah) da Flichman, uma tradicional firma argentina de propriedade (desde 1997) do grupo português Sogrape (que conta, no seu portfolio, com belos vinhos da terrinha, como o Barca Velha, um lendário tinto lusitano). Destaque na estreante ala rubra (há também um bom branco chardonnay) para o syrah, um tinto agradável, encorpado, com bom conteúdo de fruta e uma boa pincelada de madeira dada por barris de carvalho americano.
A maior surpresa fica por conta da Altos de Medrano, uma vinícola argentina criada recentemente por um quinteto de italianos. Tão jovem é a firma que nem adega própria ainda tem -as uvas são vinificadas em instalações alugadas. Mas quem se importa com o detalhe quando os goles da casa têm a performance do Malbec Altos Lãs Hormigas Reserva Viña Hormigas 99 ?
Amadurecido por nove meses em carvalho francês (60% em barricas novas e 40% em tonéis usados), o Viña Hormigas, muito jovem ainda, precisa ser arejado (vertendo o conteúdo da garrafa numa jarra ou decantador) um par de horas para ser aberto. Mas tanto a manobra adicional quanto a espera valem a pena para apreciar o seu perfume intenso e seu sabor complexo e delicioso, que combina groselhas, baunilha e um toque defumado, dando forma a um paladar viscoso, longo e concentrado.


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