|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
MUNDO DE BACO
Tintos chegam para esquentar o inverno
JORGE CARRARA
COLUNISTA DA FOLHA
Novos desembarques de
exemplares tintos da vinícola chilena Carmen e das argentinas Finca Flichman e Altos de
Medrano ajudam a dar calor aos
copos no inverno que se inicia e
deixam claro que os vinhos do
Cone Sul (especialmente os platinos) continuam em plena ascensão.
Da Carmen, uma das adegas
mais antigas do Chile (foi fundada
em 1850), mas que conta com
uma das mais modernas cantinas
do país (construída em 1992),
chegaram três novos tintos Reserve: o winemaker's 97 (de corte de
uvas não-declarado), um merlot e
um syrah-cabernet sauvignon
-todos safra 98.
O winemaker's, encorpado e
muito caro para o seu desempenho, tem paladar com boa complexidade (frutas vermelhas, baunilha, pimentão) e o syrah (55%)
cabernet sauvignon (45%) atrai
pelo aroma (framboesa, leve eucalipto) e sabor frutado que finaliza com um toque de chocolate.
O merlot é o mais denso. Tânico
ainda e bem encorpado, com uma
estrutura que lembra um vinho
californiano, precisa de tempo no
copo para soltar seu aroma, que
lembra o de ameixas temperadas
com suave torrado.
Da ala dos pampas, chegaram às
prateleiras da cidade os Reserva
(malbec, merlot, cabernet e
syrah) da Flichman, uma tradicional firma argentina de propriedade (desde 1997) do grupo português Sogrape (que conta, no seu
portfolio, com belos vinhos da
terrinha, como o Barca Velha, um
lendário tinto lusitano). Destaque
na estreante ala rubra (há também um bom branco chardonnay) para o syrah, um tinto agradável, encorpado, com bom conteúdo de fruta e uma boa pincelada de madeira dada por barris de
carvalho americano.
A maior surpresa fica por conta
da Altos de Medrano, uma vinícola argentina criada recentemente
por um quinteto de italianos. Tão
jovem é a firma que nem adega
própria ainda tem -as uvas são
vinificadas em instalações alugadas. Mas quem se importa com o
detalhe quando os goles da casa
têm a performance do Malbec Altos Lãs Hormigas Reserva Viña
Hormigas 99 ?
Amadurecido por nove meses
em carvalho francês (60% em barricas novas e 40% em tonéis usados), o Viña Hormigas, muito jovem ainda, precisa ser arejado
(vertendo o conteúdo da garrafa
numa jarra ou decantador) um
par de horas para ser aberto. Mas
tanto a manobra adicional quanto
a espera valem a pena para apreciar o seu perfume intenso e seu
sabor complexo e delicioso, que
combina groselhas, baunilha e
um toque defumado, dando forma a um paladar viscoso, longo e
concentrado.
Texto Anterior: Mundo Gourmet - Josimar Melo: Novo italiano Bellalluna não decepciona paladar Próximo Texto: Short Drinks Índice
|