São Paulo, sexta-feira, 30 de junho de 2000


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CRÍTICA
"Pânico 3" é culto sinistro com final feliz

DA REPORTAGEM LOCAL

Q ue o público não espere do filme outra coisa a não ser o básico da ótima série "Pânico". Ou seja, matança desenfreada, muito sangue, pulos da cadeira, bom humor, viradas na trama, suspeito que é inocente, suspeito que é mesmo o culpado e muitas (auto-)referências ao cinema.
"Pânico 3" é feito sob medida aos que, de alguma forma, procuram uma produção mais para um episódio do Scooby Doo do que para um dos filmes do selo dinamarquês Dogma 95. O que não quer dizer de modo algum que "Pânico 3" seja um entretenimento descerebrado.
O mote da série é perfeito para defini-la: se, no primeiro episódio, o segredo de um bom filme de horror era seguir algumas regras e, no segundo, era exatamente quebrá-las, neste terceiro "Pânico" a ordem é esquecer qualquer regra.
E eis que o mestre Wes Craven impõe na parte final de sua trilogia mais uma autofagia satírica para os filmes do terror que ajudou a criar. Mas, desta vez, recorre a um cenário perfeito: Hollywood.
A trama agora se desloca da cidadezinha de Woodsboro para a meca do cinema, a mesma que, na vida real, na esteira do sucesso do primeiro "Pânico", nos entupiu de filmes de sustos quase sempre da pior espécie.
Em "Pânico 3", o assassino mascarado vai invadir os estúdios de filmagens onde está sendo rodado o filme "Stab 3" (Punhalada 3), produção comercial baseada nos terríveis crimes da pequena Woodsboro. A horas tantas, sangue jorrando, a impressão que se tem é de estar em um jogo de máscaras digno de um filme de John Woo.
Os personagens de Neve Campbell, Courteney Cox e David Arquette, que viveram o diabo nos primeiros "Pânico", agora fazem parte de um time de vítimas que inclui atores que interpretam suas vidas em "Stab 3", com seus trejeitos e manias estudados.
Tal qual os outros dois filmes da série, a sequência inicial de "Pânico 3", da primeira película até que o sangue escorre e os letreiros aparecem, é espetacular.
"Pânico 3", com sua confusão de vida-que-imita-a-arte-que-imita-a-vida, suas infinitas referências e o pirandelliano assassino mascarado, funciona melhor para quem sabe o que aconteceu nos outros dois filmes da série.
Aí acontece o que rendeu à série seus US$ 300 milhões de bilheteria: uma comunhão de filme e platéia que transforma a sala de cinema em uma impressionante casa de culto macabra, na qual acontece um ritual uníssono de risos e gritos.
Embora carregue mais no humor, "Pânico 3", ainda assim, deve causar um pequeno aumento no consumo de energia do país. É horror dos bons, daqueles que fazem muita gente passar uns dias dormindo com a luz do quarto acesa. (LR)
Pânico 3
Scream 3
     Produção: EUA, 1999, 116 min Direção: Wes Craven Com: Neve Campbell, Courteney Cox Arquette, David Arquette, Scott Foley, Parker Posey, Jenny McCarthy Quando: a partir de hoje nos cines Lar Center 3, Belas Artes/ Sala Oscar Niemeyer, Ibirapuera 3 e circuito





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