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CRÍTICA
"Pânico 3" é culto sinistro com final feliz
DA REPORTAGEM LOCAL
Q ue o público não espere do
filme outra coisa a não ser o
básico da ótima série "Pânico".
Ou seja, matança desenfreada,
muito sangue, pulos da cadeira,
bom humor, viradas na trama,
suspeito que é inocente, suspeito
que é mesmo o culpado e muitas
(auto-)referências ao cinema.
"Pânico 3" é feito sob medida
aos que, de alguma forma, procuram uma produção mais para um
episódio do Scooby Doo do que
para um dos filmes do selo dinamarquês Dogma 95. O que não
quer dizer de modo algum que
"Pânico 3" seja um entretenimento descerebrado.
O mote da série é perfeito para
defini-la: se, no primeiro episódio, o segredo de um bom filme
de horror era seguir algumas regras e, no segundo, era exatamente quebrá-las, neste terceiro "Pânico" a ordem é esquecer qualquer regra.
E eis que o mestre Wes Craven
impõe na parte final de sua trilogia mais uma autofagia satírica
para os filmes do terror que ajudou a criar. Mas, desta vez, recorre a um cenário perfeito: Hollywood.
A trama agora se desloca da cidadezinha de Woodsboro para a
meca do cinema, a mesma que, na
vida real, na esteira do sucesso do
primeiro "Pânico", nos entupiu
de filmes de sustos quase sempre
da pior espécie.
Em "Pânico 3", o assassino mascarado vai invadir os estúdios de
filmagens onde está sendo rodado
o filme "Stab 3" (Punhalada 3),
produção comercial baseada nos
terríveis crimes da pequena
Woodsboro. A horas tantas, sangue jorrando, a impressão que se
tem é de estar em um jogo de
máscaras digno de um filme de
John Woo.
Os personagens de Neve Campbell, Courteney Cox e David Arquette, que viveram o diabo nos
primeiros "Pânico", agora fazem
parte de um time de vítimas que
inclui atores que interpretam suas
vidas em "Stab 3", com seus trejeitos e manias estudados.
Tal qual os outros dois filmes da
série, a sequência inicial de "Pânico 3", da primeira película até que
o sangue escorre e os letreiros
aparecem, é espetacular.
"Pânico 3", com sua confusão
de vida-que-imita-a-arte-que-imita-a-vida, suas infinitas referências e o pirandelliano assassino mascarado, funciona melhor
para quem sabe o que aconteceu
nos outros dois filmes da série.
Aí acontece o que rendeu à série
seus US$ 300 milhões de bilheteria: uma comunhão de filme e platéia que transforma a sala de cinema em uma impressionante casa
de culto macabra, na qual acontece um ritual uníssono de risos e
gritos.
Embora carregue mais no humor, "Pânico 3", ainda assim, deve causar um pequeno aumento
no consumo de energia do país. É
horror dos bons, daqueles que fazem muita gente passar uns dias
dormindo com a luz do quarto
acesa.
(LR)
Pânico 3
Scream 3
Produção: EUA, 1999, 116 min
Direção: Wes Craven
Com: Neve Campbell, Courteney Cox
Arquette, David Arquette, Scott Foley,
Parker Posey, Jenny McCarthy
Quando: a partir de hoje nos cines Lar
Center 3, Belas Artes/ Sala Oscar
Niemeyer, Ibirapuera 3 e circuito
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