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CRÍTICA ROCK
Flaming Lips desvirtua o clássico "The Dark Side of the Moon" (73)
CARLOS MESSIAS
DO "AGORA"
Chega ao Brasil, com seis
meses de atraso, este disco
que no começo de junho foi
executado na íntegra no festival de Bonnaroo, EUA.
O tom descompromissado
da obra já é prenunciado pelo título: "The Flaming Lips &
Stardeath and White Dwarfs
doing The Dark Side of the
Moon". O verbo "doing",
além de significar "fazendo",
pode ser usado como gíria
para "ferrando".
Se a banda liderada por
Wayne Coyne não faz exatamente isto com o épico de
1973, tampouco se deixa intimidar pela importância dele.
Com o grupo Stardeath
and White Dwarfs, o The Flaming Lips desvirtua o álbum
mais ambicioso do Pink Floyd.
Henry Rollins (Black Flag e
Rollins Band) e a cantora e
multi-instrumentista de electroclash Peaches participam.
O que falta em técnica para
a trupe sobra em engenhosidade. Pianos elétricos, sintetizadores e até teremim -instrumentos de praxe para o
rock psicodélico moderno- são usados com sagacidade.
Em vez de reproduzir as
execuções impecáveis dos
instrumentistas ou a interpretação etérea de David Gilmour, o Flaming Lips decompôs cada faixa em texturas consistentes de som.
A completa falta de reverência a um clássico como
"Money", dado o tom robótico e a absoluta falta de ritmo,
chega a ser cômica.
Outro tema magistral, "Time", soa bem mais modesto,
mas, ainda assim, sua essência lírica é conservada.
Com o disco, o Flaming
Lips propõe um novo exercício de abstração para as próximas gerações.
Ao invés da tarefa quase
utópica de ouvir "The Dark
Side of the Moon" assistindo
a "O Mágico de Oz", os neófitos podem simplesmente escutar os dois discos intercalados para entender o percurso
do rock psicodélico dos últimos 40 anos.
THE DARK SIDE
OF THE MOON
ARTISTAS The Flaming Lips & Stardeath and White Dwarfs
LANÇAMENTO Warner Music
QUANTO R$ 35, em média
AVALIAÇÃO bom
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