|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
A estrada é longa, a cantora é calma
PEDRO ALEXANDRE SANCHES
da Reportagem Local
Ao chegar a
seu terceiro disco, Vania Abreu
reaparece como
uma cantora
em lenta e gradual evolução -fazendo música,
não fazendo moda.
Baiana, deixa transparecer isso
desde a capa singela, que evoca o
Caetano migrante, tropicalista, de
"No Dia Que Eu Vim-Me Embora" (68).
Mas, CD adentro, se vê que ela
não é baiana típica. "Seio da Bahia" preocupa-se, fazendo-o por
meio de pesquisa instigada, em
espanar provincianismos geográficos.
O painel que obtém é vasto,
comportando "nordestinidades"
várias -a agreste do cearense Ednardo (em "A Manga Rosa"), a
suave do maranhense Zeca Baleiro ("Olhozinho"), passando, é
claro, pela tranquilidade baiana
de Roberto Mendes e J. Velloso
("O Perdão")-, mas podendo
chegar, até, ao Paraná de Carlos
Careqa ("Seio da Bahia").
O que as unifica todas é a impressão digital de samba, o velho
samba (e o CD peca ao esconder
em letras minúsculas, ilegíveis
mesmo, a lista de músicos participantes de cada faixa; não pode).
É dentro do samba, mesmo, que
chega a "Conto de Areia", de Romildo e Toninho, talvez o mais
conhecido dos sucessos de Clara
Nunes (1943-83), aquele do "é
água no mar, é maré cheia, ô...".
Desvenda-se aí a linhagem a que
Vania pretende se alistar -do
samba de fibra, em poucas palavras.
Bem, ela tem muita estrada para
chegar lá. A interpretação por vezes é reiterativa demais -a voz se
acentua, se agudiza (é o que ocorre na leitura descaracterizada de
"Sangue Latino", dos Secos &
Molhados, mas não só ali). Mas,
como a própria capa demonstra,
a moça já está na estrada.
Avaliação: ![](http://www.uol.com.br/fsp/images/ep.gif)
Disco: Seio da Bahia
Artista: Vania Abreu
Lançamento: Velas/Universal
Quanto: R$ 18, em média
Texto Anterior: Baiana tem seu site na Internet Próximo Texto: Novo trabalho é autobiográfico Índice
|