São Paulo, quarta-feira, 30 de agosto de 2006

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Crítica

Em "Cortina Rasgada", ciúme é protagonista

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

"Falar é fácil, fazer é difícil", disse Ozualdo Candeias no dia em que ousei fazer reparo a um trabalho seu. Todo crítico tem essa frase na cabeça, para lembrar-se bem da leviandade de seu ofício.
Ele nunca pode ser o chamado "espectador comum", que nunca precisa se explicar. O "espectador comum" pode esnobar "Cortina Rasgada" (Turner Classic Movies, 22h), tê-lo por um Hitchcock menor.
Ok, "Cortina Rasgada" não é "Um Corpo que Cai". Mas é ali, lembremos, que uma bailarina chega a Berlim Oriental no mesmo avião que o cientista Paul Newman. Ela pensa que toda a imprensa está lá por sua causa, mas não é, é por causa dele.
Ela engole a desfeita. Mais tarde, no teatro, ela dança. Dá uma volta e pára por um segundo, olhando para a platéia. Dá outra volta e pára. E assim, sucessivamente. Nessa operação, ela reconhece Paul Newman, que agora é perseguido. Depois o deda. O ciúme leva muito longe, sabe-se. Hitchcock o demonstra.


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