|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Crítica
Em "Cortina Rasgada", ciúme é protagonista
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
"Falar é fácil, fazer é difícil",
disse Ozualdo Candeias no dia
em que ousei fazer reparo a um
trabalho seu. Todo crítico tem
essa frase na cabeça, para lembrar-se bem da leviandade de
seu ofício.
Ele nunca pode ser o chamado "espectador comum", que
nunca precisa se explicar. O
"espectador comum" pode esnobar "Cortina Rasgada"
(Turner Classic Movies, 22h),
tê-lo por um Hitchcock menor.
Ok, "Cortina Rasgada" não é
"Um Corpo que Cai". Mas é ali,
lembremos, que uma bailarina
chega a Berlim Oriental no
mesmo avião que o cientista
Paul Newman. Ela pensa que
toda a imprensa está lá por sua
causa, mas não é, é por causa
dele.
Ela engole a desfeita. Mais
tarde, no teatro, ela dança. Dá
uma volta e pára por um segundo, olhando para a platéia. Dá
outra volta e pára. E assim, sucessivamente. Nessa operação,
ela reconhece Paul Newman,
que agora é perseguido. Depois
o deda. O ciúme leva muito longe, sabe-se. Hitchcock o demonstra.
Texto Anterior: Documentário: Série busca o DNA radical dos EUA Próximo Texto: Resumo das novelas Índice
|