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MÚSICA
Fundador e um dos principais compositores dos pioneiros do punk rock, o ex-baixista lança disco com regravações
"Aposentado", Dee Dee revisita Ramones
MARCELO VALLETTA
DA REPORTAGEM LOCAL
Douglas Colvin, 48, é uma lenda
viva do rock. Em 74, com o apelido de Dee Dee, fundou, com mais
dois colegas -Joey e Johnny-,
os Ramones, um dos grupos mais
importantes de todos os tempos.
Compositor de clássicos da banda, como "53rd & 3rd" e "Chinese
Rocks", o baixista deixou o grupo
em 1989 para tentar ser um rapper. Onze anos depois, ele lança
"Greatest & Latest", disco em que
regrava algumas das músicas
mais famosas dos Ramones.
Além de requentar as músicas
de sua ex-banda -ele também já
tocou as mesmas canções em um
grupo com Marky Ramone, que
faz show amanhã em São Paulo
(leia ao lado), chamado "The Remains" ("Os Restos")-, o "rock
star aposentado" também escreve
livros: sua autobiografia acaba de
ser lançada nos EUA, e uma novela de terror, em que os roqueiros
Sid Vicious e Johnny Thunders
ressuscitam, deve sair em 2001.
Confira a seguir trechos da entrevista concedida à Folha de Los
Angeles, por telefone.
Folha - Por que regravar alguns
clássicos dos Ramones?
Dee Dee Ramone - Queria mostrar que eu podia tocar essas canções. Eu ia gravar apenas as músicas que compus e cantei com a
banda, mas decidi tocar as minhas favoritas, como "Sheena Is a
Punk Rocker", que foi feita pelo
Joey. Não espero que minha versão para "Rockaway Beach" toque na MTV e faça sucesso, só
quero me divertir.
Folha - Você se lembra dos shows
que os Ramones fizeram na Inglaterra, em 1976? Essa turnê, hoje, é
considerada legendária...
Dee Dee - Foi maravilhosa. Em
Nova York era legal, mas parecia
que a onda punk acontecia apenas em uma vizinhança, no Low
East Side e no Village. Em Londres, para todos os lados que você
olhava, existia o punk rock.
Folha - É verdade que existia uma
rixa entre os punks de Nova York e
os de Londres? Na música "New
York", os Sex Pistols zombam da
cena da cidade...
Dee Dee - Eles ainda não haviam
estado lá. Aconteceu que Johnny
Thunders (ex-New York Dolls)
havia se mudado para Londres.
Ele escreveu a música "Little London Boys", aí os Pistols resolveram responder à provocação. Eles
não se davam bem, porque
Johnny roubou uma guitarra deles para comprar drogas. Na época, em Londres, era moda caçoar
da América. Mas existiam bandas
boas em Nova York, como Television, Blondie, Talking Heads...
Em Londres, o punk era mais popular. Eu gostava de Generation
X, X-Ray Specs... Eles vestiam
roupas mais legais que a gente.
Folha - Então aqueles jeans rasgados que vocês vestiam não eram
moda? As jaquetas de couro, os
óculos escuros... Vocês criaram
uma espécie de uniforme dos Ramones. Não foi planejado?
Dee Dee - Não, aquela era a vestimenta normal dos americanos.
Folha - Mas e os jeans rasgados
no joelho?
Dee Dee - Ah, sim, esse foi o nosso grito da moda (risos).
Folha - Por que você saiu dos Ramones, em 1989?
Dee Dee - A gente brigava por
causa de tudo. Acho que foi uma
disputa pelo poder. Joey e Johnny
queriam poder.
Folha - Johnny chamou Joey de
"hippie liberal" em uma entrevista
à Folha no ano passado...
Dee Dee - Eu não aguento mais
ouvi-lo falar essas coisas, ele deveria ficar calado. Eu acho que os
Ramones foram a banda menos
social e política da história, junto
com Jerry Lee Lewis. Mas fico desapontado com Johnny. Às vezes
eu tento não acreditar que ele seja
um racista, um radical de direita...
não sei o que ele é.
Folha - Algumas das músicas dos
Ramones mais conhecidas no Brasil, como "Pet Cemetery" e "Poison
Heart", são suas.
Dee Dee - Foi por isso que eu deixei o grupo. Os Ramones tinham
minha identidade nas composições. Éramos bons, deveríamos
ter ficado juntos, mas, quando saí,
eles não iam para a frente, então
tentei ajudá-los a ser uma banda,
mas eles não me deram valor.
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