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GASTRONOMIA
Sem apartheid, vinhos sul-africanos ganham mercado
JORGE CARRARA
ENVIADO ESPECIAL À ÁFRICA DO SUL
Os vinhos sul-africanos devem
começar a marcar presença mais
forte no Brasil. Interesse do outro
lado do Atlântico não falta. A
África do Sul tenta melhorar o intercâmbio de produtos com nosso país e melhorar o resultado da
balança comercial, que hoje se inclina fortemente para o lado do
Brasil.
Os vinhos são um produto importante do país, que é hoje o oitavo produtor mundial. O coração
da sua indústria vitivinícola está
localizado no canto sudoeste, em
torno da Cidade do Cabo, onde se
encontram as principais regiões,
como Swartland, ao norte; Paarl,
Stellenbosch e Robertson, ao leste, e Constantia (onde a indústria
nasceu no séc. 17), ao sul, limitada
pelo Atlântico (a linda False Bay).
A maior parte dos vinhedos
(um total de 108 mil hectares) está
plantada com variadas tintas.
Mas, curiosamente, os vinhos que
mais brilham por lá são os brancos, particularmente os de uva
sauvignon blanc. A seguir, alguns
dos destaques da visita realizada
aos vinhedos sul-africanos (todos
importados pela Expand, tel. 0/
xx/11/4613-3333):
*Steenberg: instalada em Constantia, tem vinhos que mostram
qualidade consistente. No canto
dos brancos há dois belos Reserve
2004, um Sauvignon Blanc estruturado, rico em boca, com sabor
que mescla fruta com toques minerais e de aspargos (89/100) e um
Semillon com paladar marcado
por toques torrados e de tangerina e manga, longo e equilibrado
(89/100). Entre os tintos, agradou
muito o Syrah 2003, denso, com
sabor atraente (leve defumado,
café e ameixas maduras) e muito
persistente (90/100);
*Springfield: adega da região de
Robertson que começou a engarrafar seus vinhos em 1995. Pódio
para dois sauvignon blanc 2004, o
Life from Stone (intenso nas frutas amarelas e no maracujá, vivaz
e com boa acidez, 88/100) e o Special Cuvée, menos exuberante na
fruta, mas com componentes cítricos e minerais que lhe dão complexidade (88/ 100);
*Morgenhof: a casa de Stellenbosch conta com bons brancos,
como o Sauvignon Blanc 2004
(potente, bem característico da
variedade, frutado e de paladar vivaz, 88/100) e belos tintos do estilo
do Premiére Selection 2000, corte
de uvas cabernet, merlot e malbec, concentrado, um pouco tânico ainda, mas de paladar amplo e
saboroso (89/100);
*Vergelegen: moderna vinícola
de Stellenbosch, abrigada em um
edifício de estilo arrojado. Um
branco sobressaiu claramente: o
Chardonnay Reserve 2003, de
perfume e sabor intensos (cravo,
especiaria, torrefação e frutas em
calda) e amplo, com boa acidez e
final longo (90/100);
*Klein Constantia: despontou
aqui um tinto, o Marlbrook 2000
(um "blend" de uvas cabernet e
merlot, envelhecido 18 meses em
carvalho francês), de textura aveludada e sabor atraente que mistura fruta com especiaria e caramelo (89/100);
*Spice Route: esta vinícola de
Swartland tem vinhos de excelente nível. Vale a pena conferir o seu
Chenin Blanc 2003, que combina
pêras, pinceladas de cravo e torrefação num paladar untuoso (89/
100). Na ala rubra, menção especial para os da linha Flagship, como o delicioso Merlot 2001, de
perfume cativante (geléias, compotas e frutas vermelhas maduras), muito aveludado na boca
(90/100), e o novo ícone da casa, o
Malabar 2002, corte de uvas
syrah, merlot e grenache, que se
mostra sedoso e intenso na boca,
onde a fruta (complementada por
toques florais e de madeira) domina a cena (92/100).
O colunista Jorge Carrara viajou à África do Sul a convite da importadora Expand e da South African Airways
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