São Paulo, domingo, 30 de setembro de 2007

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Da Espanha a Cuba

Criada em Palma de Mallorca, a atriz Branca Messina se prepara para viver bailarina cubana após boa atuação em "Não por Acaso'

CHANTAL BRISSAC
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Uma bailarina cubana que quer fazer faculdade de dança nos Estados Unidos é uma das novas personagens da atriz carioca Branca Messina, 22. Ela começa a filmar o longa "Olhos Azuis", do diretor José Joffily ("Achados e Perdidos", "Quem Matou Pixote"), em novembro, mas já vem treinando o sotaque cubano há algum tempo. "É um jeito de falar diferente, não aquele espanhol com a língua presa. É como se eu tivesse um ovo na boca", explica Branca, fluente no idioma. Dos quatro aos 15 anos ela morou em Palmas de Mallorca com a família.
Mas a dançarina não é o único foco da atriz. Branca também anda mergulhada em Carol, protagonista de "Vingança", em fase de pré-produção. O longa é um projeto da Pax Filmes, do diretor Paulo Pons, em parceria com a Riofilme. "É um projeto maravilhoso e de baixo orçamento, já que a Pax irá fazer quatro filmes com cerca de R$ 300 mil", diz. "Estou muito feliz com essas oportunidades."
Branca ainda é desconhecida do grande público, mas vem fazendo sucesso no cinema. Ganhou o prêmio de melhor atriz coadjuvante no Cine Pernambuco 2007, por sua atuação em "Não por Acaso", de Philippe Barcinski. "Quando falaram o meu nome, fiquei estática, sem saber o que dizer para todo aquele público", conta.

Carisma
Para Barcinski, há uma palavra para definir Branca Messina: carisma. "Para entrar em cena de igual para igual com atores tão talentosos, como Rodrigo Santoro e Letícia Sabatella, era necessário, além do talento de atriz, algo intangível, difícil de explicar. É o carisma. E isso transborda em Branca", disse o cineasta à Folha.
Difícil discordar. Com o jeito calmo e a fala articulada, ela mostra uma firmeza rara em sua idade. Branca acha que esse ar "diferente" se deve aos anos passados na Espanha. "Minha mãe queria viver em um lugar onde os filhos pudessem ir caminhando sozinhos para a escola", diz. O oposto do que aconteceria no Rio, é certo.
Pois Branca compartilhou com o irmão mais velho e a mãe, astróloga, o idílio de viver em um pedaço do paraíso do Mediterrâneo, correndo em praias desertas e brincando de esconde-esconde nas ruelas do casario caiado de branco.
Um dia a menina decidiu voltar -e sozinha. "Eu estava com 15 anos e achei que era hora de fazer minha história no Brasil", conta. Ela já previa que a carreira teria algo a ver com o cinema ou o teatro. "Eu gostava tanto de representar que, uma vez, pressionei minha mãe a ver se encontrava alguma vocação teatral no meu mapa astrológico", relembra a pisciana.

Teatro
Branca fez a peça "A Vida Não Promete", com texto e direção de Hamilton Vaz Pereira, e participou de "Else", baseada na novela de Arthur Schnitzler, com direção de José Luiz Junior. "Vim cheia de garra, querendo fazer e acontecer."
Estudou dança na Faculdade Angel Vianna e formou-se em interpretação pela Casa das Artes de Laranjeiras (CAL). De quebra, aulas de ioga ("Para me centrar", explica) e braçadas, essas para matar a saudade da infância à beira-mar. Tudo isso para chegar perto de seu sonho: "Participar da fantástica experiência que é atuar, viver a cada dia uma história", ela diz.
O contato com Philippe Barcinski aconteceu exatamente como o título do primeiro longa-metragem do diretor: não por acaso. Branca soube do início da produção, apresentou-se à equipe, conquistou o papel.
Não foi o primeiro filme da atriz. Em 2005, ela fez "Cafuné", de Bruno Vianna, e em 2006 gravou "Mulheres, Sexo, Verdades, Mentiras", de Euclydes Marinho, longa inédito em exibição no Festival do Rio 2007 (fora de competição).
Mas Branca quer mais, e isso inclui teatro. "E, quem sabe, um dia, até televisão", prevê. Nas raras horas de folga, tem ensaiado "As Pecadoras", com direção de Bruno Garcia. O espetáculo vai ser apresentado no Rio Cena Contemporânea, entre 4 e 14 de outubro. O texto, de Victor Paiva, filho do escritor e cartunista Miguel Paiva, trará cinco atrizes falando de si mesmas. "É uma fase movimentada, de mil realizações", ela diz, com o sorriso aberto. "Mas eu gosto disso; a gente tem que sonhar alto, não é mesmo?", pergunta. É a mais pura e branca verdade.


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