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Crítica
"Os Infiltrados" mostra busca pela verdade
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Na série dedicada ao agente
Jason Bourne a pergunta que
ele sempre se faz é: quem sou
eu? A perda da subjetividade se
dá de outro modo em "Os Infiltrados" (HBO, 19h15; não
recomendado para menores de
18 anos), embora os pontos
coincidentes existam. Exemplo: aqui, Billy (Leonardo DiCaprio) e Colin (Matt Damon)
também renunciam a ser quem
são, assumem falsas identidades voluntariamente.
Mas nunca perdem a consciência de quem são e de para
quem trabalham. Por isso, o
que se instala no filme de Martin Scorsese é uma espécie de
dupla personalidade dupla: um
infiltrado nos domínios de um
gângster e outro nos da polícia.
Outra vez, uma questão se
coloca: quem é quem? Num
mundo em que a crença no outro parece ter desaparecido (e
não sem razão), é impossível
distinguir se o policial é mesmo
um policial ou gângster, ou vice-versa. Isso já existia no passado (é só lembrar dos juízes
comprados dos Corleone), mas
a verdade, imaginava-se, estavam em algum lugar. Não mais.
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