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TEATRO
Produtora afirma que o espetáculo teria sido censurado por motivos políticos
Santos cancela peça de Plínio Marcos
LEONARDO CRUZ
free-lance para a Folha
A peça "O Assassinato do Anão
do Caralho Grande", escrita por
Plínio Marcos, teve suas três apresentações canceladas no Teatro
Municipal Brás Cubas, em Santos.
A montagem, dirigida por Marco
Antonio Rodrigues, seria apresentada na cidade nos dias 7, 8 e 9 de
novembro.
Segundo o próprio Marco Antonio Rodrigues, a secretária municipal de Cultura de Santos, Vilma
Terezinha, teria cancelado a apresentação do grupo após ter se
comprometido verbalmente a reservar as datas do teatro para a encenação de "O Assassinato do
Anão do Caralho Grande".
"Tínhamos tudo acertado, mas
quando fomos buscar a documentação, vimos que o pedido havia
sido negado", afirma Nani de Oliveira, produtora do espetáculo.
"Eu até já tinha deixado um cheque caução, que foi devolvido, no
valor de R$ 650, para garantir que
o espaço seria nosso", diz Marco
Antonio Rodrigues.
Para a produtora, o motivo principal do cancelamento é político.
Rodrigues foi secretário de Cultura em Santos durante a gestão de
David Capistrano Filho, do PT, na
prefeitura (entre 92 e 96). O atual
prefeito de Santos é Beto Mansur,
do PPB."Eles não queriam que o
teatro fosse utilizado por alguém
da oposição, ligado ao PT", afirma
Nani de Oliveira.
Para Marco Antonio Rodrigues,
outro motivo para o veto à peça seria moral. "O texto do Plínio Marcos é forte e só o título já assusta
muita gente", afirma.
A secretária municipal de Cultura de Santos, Vilma Terezinha, nega que tenha feito o acordo, dizendo que as datas citadas por Rodrigues já haviam sido prometidas à
Federação Santista de Teatro
Amador. "Em agosto deste ano,
eu assumi um compromisso público para ceder o espaço para a
apresentação das peças vencedoras de um festival de teatro amador
da cidade", afirma Terezinha.
Segundo ela, o pedido de Rodrigues foi feito depois de o compromisso com a Federação Santista ter
sido assumido.
Ela também nega que tenha havido qualquer tipo de censura política. "Isso é absurdo. Muitos dos
organizadores da Federação Santista de Teatro Amador são ligados
à administração anterior", diz Terezinha. "Não houve censura. Nós
simplesmente não tínhamos mais
espaço na agenda", completa.
Originalmente, os dias 7, 8 e 9 de
novembro seriam utilizados para a
realização de um festival organizado pela Confederação de Teatro
Amador do Estado de São Paulo,
mas o festival foi cancelado e a Secretaria Municipal de Cultura de
Santos teria aproveitado o cancelamento para saldar seu compromisso com a Federação de Teatro
Amador da cidade.
Para o dramaturgo Plínio Marcos, autor de "O Assassinato do
Anão do Caralho Grande", o que
aconteceu em Santos foi "uma
mistura de intriga política e censura ao texto". "O povo de Santos
me adora, mas as autoridades me
perseguem", diz o dramaturgo,
que nasceu na cidade.
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