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Apresentação da Maria Schneider Orchestra faz jus aos prêmios e elogios
CARLOS CALADO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Os relógios já marcavam
1h30 da madrugada de ontem,
mas a platéia do Auditório Ibirapuera insistia, aplaudindo. A
compositora norte-americana
Maria Schneider e seus 18 músicos tiveram que retornar ao
palco para mais um bis.
Destaque da segunda noite
do Tim Festival, a Maria
Schneider Orchestra fez jus aos
elogios e prêmios que vem recebendo. É formada por alguns
solistas de primeira linha, com
um senso de conjunto perfeito.
Todos colaboram para realçar
as partituras da brilhante compositora, sem estrelismos.
Maria não faz o gênero maestro-metrônomo. Sensível, move-se o tempo todo, indicando
cada detalhe das evoluções dos
arranjos, vibrando com os sons
da orquestra. No sábado, escolheu cinco composições próprias que expressaram muito
bem as nuances de seu jazz pós-impressionista. Quem desconhecia sua música e foi esperando ouvir uma big band tradicional, surpreendeu-se.
A começar pelas suaves intervenções do acordeonista
Gary Versace ou pelo solo etéreo do guitarrista Ben Monder,
em "Concert in the Garden".
Depois veio "El Viento", com
um solo de trompete que denota a influência do flamenco.
Não faltaram homenagens ao
Brasil. Além da prometida
"Hang Gliding" (inspirada por
um vôo de asa delta no Rio),
Maria chamou ao palco Ivan
Lins para cantar duas de suas
composições: "Rio de Maio" e
"Lembra de Mim".
Lins abriu a noite com um
tributo ao produtor Paulinho
Albuquerque (morto em junho), que produziu vários de
seus discos, e foi curador do antigo Free Jazz. Acompanhado
por outros parceiros do homenageado, como o pianista Gilson Peranzzetta e o saxofonista
Zé Nogueira, Ivan se emocionou ao cantar "Aos Nossos Filhos" e "Choro das Águas".
Já a jovem cantora Jennifer
Sanon exibiu um belo timbre
de voz e vocação para o improviso, mas ainda tem muito a
aprender antes de dividir um
palco com Ivan Lins e Maria
Schneider. As versões de "Bye
Bye Blackbird" e "My Favorite
Things" ficaram aquém do nível musical que se espera de um
Tim Festival. Poderiam figurar,
no máximo, num show de formandos de uma escola de jazz.
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