São Paulo, segunda-feira, 30 de outubro de 2006

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Apresentação da Maria Schneider Orchestra faz jus aos prêmios e elogios

CARLOS CALADO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Os relógios já marcavam 1h30 da madrugada de ontem, mas a platéia do Auditório Ibirapuera insistia, aplaudindo. A compositora norte-americana Maria Schneider e seus 18 músicos tiveram que retornar ao palco para mais um bis.
Destaque da segunda noite do Tim Festival, a Maria Schneider Orchestra fez jus aos elogios e prêmios que vem recebendo. É formada por alguns solistas de primeira linha, com um senso de conjunto perfeito. Todos colaboram para realçar as partituras da brilhante compositora, sem estrelismos.
Maria não faz o gênero maestro-metrônomo. Sensível, move-se o tempo todo, indicando cada detalhe das evoluções dos arranjos, vibrando com os sons da orquestra. No sábado, escolheu cinco composições próprias que expressaram muito bem as nuances de seu jazz pós-impressionista. Quem desconhecia sua música e foi esperando ouvir uma big band tradicional, surpreendeu-se.
A começar pelas suaves intervenções do acordeonista Gary Versace ou pelo solo etéreo do guitarrista Ben Monder, em "Concert in the Garden". Depois veio "El Viento", com um solo de trompete que denota a influência do flamenco.
Não faltaram homenagens ao Brasil. Além da prometida "Hang Gliding" (inspirada por um vôo de asa delta no Rio), Maria chamou ao palco Ivan Lins para cantar duas de suas composições: "Rio de Maio" e "Lembra de Mim".
Lins abriu a noite com um tributo ao produtor Paulinho Albuquerque (morto em junho), que produziu vários de seus discos, e foi curador do antigo Free Jazz. Acompanhado por outros parceiros do homenageado, como o pianista Gilson Peranzzetta e o saxofonista Zé Nogueira, Ivan se emocionou ao cantar "Aos Nossos Filhos" e "Choro das Águas".
Já a jovem cantora Jennifer Sanon exibiu um belo timbre de voz e vocação para o improviso, mas ainda tem muito a aprender antes de dividir um palco com Ivan Lins e Maria Schneider. As versões de "Bye Bye Blackbird" e "My Favorite Things" ficaram aquém do nível musical que se espera de um Tim Festival. Poderiam figurar, no máximo, num show de formandos de uma escola de jazz.


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