Seleção foi realizada pelo músico Charles Gavin, dos Titãs, e por três jornalistas

Na obra, cada álbum vem acompanhado por um texto explicativo; o livro traz dois CDs encartados e tem lançamento hoje em SP

THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL

Em tempos de iPod e MySpace, o disco -essa coleção de músicas que marca um período na vida de um artista- corre o risco de se tornar um conceito obsoleto. Nesse sentido, Charles Gavin, 48, baterista dos Titãs, busca preservar alguns dos LPs mais representativos da história da música brasileira.
Gavin lança hoje em São Paulo "300 Discos Importantes da Música Brasileira", um portentoso livro de 434 páginas, no mesmo quadrado da capa de um LP de 12 polegadas.
O título entrega o que o leitor encontrará na obra: uma lista de 300 LPs considerados indispensáveis na discografia produzida no Brasil. Gavin teve a ajuda dos jornalistas Carlos Calado, colaborador da Folha, Tárik de Souza, do "Jornal do Brasil", e Arthur Dapieve, de "O Globo".
No livro, cada álbum é acompanhado por um texto explicativo, feito pelos jornalistas -Gavin escreveu apenas dois textos: sobre "À Procura da Batida Perfeita" (2003), de Marcelo D2, e "Geração de Som" (1978), de Pepeu Gomes: "Não gosto de escrever, mas fiz desses dois porque acho esse do D2 um clássico moderno e o do Pepeu porque eu fui ao show de lançamento do disco".
O livro é, de certa forma, uma continuação do trabalho de garimpagem de Gavin nos arquivos de algumas gravadoras -em 1998, ele relançou, pela Warner, os dois primeiros discos do Secos & Molhados; depois resgatou mais de 450 álbuns antigos do catálogo de outros selos.
"É uma extensão desse trabalho que comecei há dez anos.
É uma preocupação com a memória da música brasileira", diz o músico. "Nos tempos de colégio, eu gostava de mostrar discos para os amigos, de compartilhar o que a gente comprava. Eu sou da geração que cresceu com o LP. E isso acabou desembocando nesse livro."
Segundo Gavin, foi fácil chegar a um acordo nos 200 primeiros discos que entrariam no livro, porque seriam clássicos quase unânimes. Depois, cada um dos quatro defendeu a inclusão de suas escolhas.
Alguns artistas aparecem com mais de um disco -há, por exemplo, três álbuns de Tom Jobim e três de Jorge Ben. Mas há poucos representantes de gêneros populares, como sertanejo, pagode ou mesmo de música regional.
"Não é porque sejam gêneros de mais ou de menos qualidade. É que nós conhecemos menos esses gêneros do que pop, samba, bossa nova e MPB. A lista foi bem intuitiva."
O livro vem acompanhado de dois CDs: "O Último Malandro", de Moreira da Silva, e "Baterista Wilson das Neves", de Elza Soares.

300 DISCOS IMPORTANTES DA MÚSICA BRASILEIRA
Organizador: Charles Gavin
Editora: Paz e Terra
Quanto: R$ 230
Lançamento: hoje, às 19h, na Livraria Cultura (av. Paulista, 2.073, São Paulo; tel. 0/xx/11/3170-4033)

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