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TELEVISÃO
Crítica
Herzog expõe incompreensão em "Kaspar Hauser"
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
O primeiro título de "O Enigma de Kaspar Hauser" (TC Cult, 23h55; não recomendado a menores de 12 anos) era "Cada um por Si e Deus contra Todos". Nada fora dos títulos possíveis de Werner Herzog.
Mas, também, um título que expressa muito bem o trabalho de Herzog naquele momento: vivemos em um mundo misterioso, talvez incompreensível, e, em nossa tentativa de dominá-lo, o tornamos ainda mais misterioso e incompreensível.
Kaspar Hauser é o jovem que talvez seja um gênio, talvez seja o inverso, não importa. O fato é que é diferente, e essa diferença é insuportável para seus concidadãos: ele escapa a certas regras, e isso é o que, de certo modo, não se pode admitir.
Eis aí, de algum modo, uma visão da Alemanha nos anos 1970, tentando viver na normalidade o absurdo de sua divisão. Era um estranho país, onde a primeira explosão promovida pelos terroristas do grupo Baader pareceu aos cineastas de Munique apenas um estrondo promovido pelo grupo de teatro "da rua de trás".
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