São Paulo, sexta, 30 de outubro de 1998

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NOITE ILUSTRADA - ERIKA PALOMINO
Está de volta a fofura clubber!

OIÊ! Sabe qual é a frase do momento? Eu estou mais seletivo. Assim toda uma geração de amantes da vida noturna (não necessariamente clubbers ortodoxos) tem falado da própria vida e das coisas que tem feito. "Não dá mais para ir em tudo, né?" ou "Tenho trabalhado muito" são outras que vêm acopladas. Isso não quer dizer que se gosta menos de sair ou de se jogar. Mas a palavra é escolher. Pois escolha! Se jogue! Suspire e diga: "Eu estou mais seletivo...", assim meio entediado.
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SÓ não vale ficar entediado na pista, né?!, que tem um monte de gente boa tocando e um monte de lugar novo abrindo. Outra coisa agora é que São Paulo vive momento de mix. Não é isso que muita gente sempre quis? Pois agora temos tecneiros, fãs de house, cybermanos, ravers, bichas montadas, semidrags, mauricinhos, freaks, moderninhos da Faap e tudo mais. Talvez não seja ainda a tal integração, mas é um começo. Seja cordial; seja clubber!
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POR exemplo, semana passada teve uma rave no perímetro urbano de São Paulo (tipo em Pinheiros) e este fim-de-semana tem outra. E parece que o diferencial dessas raves em SP é mesmo a presença dos manos. Mais que isso, diz que os DJs alemães de trance, nessa Intergroove, passaram bem. A de hoje à noite é a seguinte: pegar a avenida Vicente Rao, sentido shopping Morumbi, entrar na segunda à dir.: r. Prof. João Batista de Castro, próximo ao viaduto Washington Luis. Tem Pareto, Rica etc.
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ENQUANTO isso, São Paulo continua seu namoro oficial com a house. O Lov.e in Paradise de sábado passado foi pura house, onde Pareto entrou como convidado e deixou o povo de boca aberta com muitos vocais na manhã de domingo. E sempre é bom lembrar: não se trata de estimular a segmentação chata e antiquada, mas de abrir a cena para outras manifestações, desde que bem realizadas e criativas. E tem muito mais ainda para as pessoas descobrirem...
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UMA das provas é o sucesso da noite da dupla de produtores iranianos (radicados em Washington) Deep Dish, quinta passada na reinauguração da B.A.S.E. Todo mundo dava risada na pista e fazia piada a noite toda, com muita cumprimentação (estava todo mundo lá, com exceção do Henrique Cury!) e abracinho. Esse clima bom veio da música! Pergunte a quem estava lá. Analisando o som, o Deep (Ali Dubfire) foi melhor do que o Dish (Sharam, que a gente chamou de Charuf), apesar de na metade de seu som pra frente as músicas estarem mais centradas em produções deles mesmos em si. Bom, isso (com) prova pelo menos que a qualidade do babado é boa. As mixagens eram longas e as músicas tocavam até o final. E teve até alguns acapellas entre uma música e outra, uma delas aquela do Danny Tenaglia.
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BOM, sobre a reinauguração em si, agora a B.A.S.E se chama B.A.S.E Pop. De diferente mesmo, uma espécie de móbile feito de globos de espelhos (na verdade, dois), imenso e cafonão (para o Bem), que gira. E ainda adesivos plásticos em bolotas laranja espalhados por toda a casa. Tinha uma pista embaixo; tentaram me levar pelo braço até lá, mas eu me recusei a sair da pista do Deep Dish (gosto deles há anos e não ia perder essa chance). Bem... e o que foi o look motocross-cyber de Angelo Leuzzi?! E aquele underwear!!!!
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AGORA, na próxima sexta tem uma boa oportunidade para conhecer a tal pistinha, na nova noite que juntará (no clube de Angelo, é bom lembrar) Marcão Morcerf e Pil Marques, dois promoters que viraram também DJs. E quem disse que as panelinhas da cena não se misturam? Muito bom. A noite vai ser tipo um chill-in, a partir de 2h, e vai se chamar Hall's, tipo um drops refrescante mesmo. Ótimo nome!
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E nesta sexta o underground da Lôca promete pegar fogo (r. Frei Caneca, 916). Prepare os óculos escuros: tem Zozó, Renato, Mauricio e Daniel, do UM. O Haloween da Lôca (tem lugar melhor pra essa festa?) prossegue até domingo, quando Alisson Gothz, aquele que se vestia de vampiro no Satã recebe o povo de ontem, hoje e sempre. É o revival gótico que rola pelo mundo, você já sabe, né? E como segunda é Finados, tem babado.
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É mesmo! Segunda é feriado! Então tem domingão clubber. Se jogue na Disco Fever, no The End (com Paula e Pil) ou na nova noite da DJ Andrea Gram, batizada adequadamente de Alienzinho, de 20h às 3h. Vai ser em um dos lugares mais descolados da temporada, o novíssimo Ego-Trip, que vem a ser o bar da queridíssima Nelba, do Mercado Mundo Mix. Quem fica no bar é o queridíssimo Luiz Careca, já uma lenda do underground dos anos 90, de volta de sua temporada no Rio. Já não era sem tempo!
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AGORA, tem uma coisa que a cena rave trouxe inegavelmente para a cena dos clubes: tirou as pessoas do individualismo de pista em que elas se encontravam. Nas boas noites -de todos os gêneros-, todo mundo voltou a se conectar e a se falar na pista. Sem falar que os ravers renovaram o guarda-roupa de todos, trazendo as cores, o fluo e o branco à negritude fashion da modernidade paulistana.
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SAIU! Na "i-D" de novembro o editorial amigo de Telma Villas-Boas, com styling de Cesar Fassina. Ficou ótimo. E a capa é a nova modelo malucona de plantão, a Alissa, que fez todos os desfiles modernos da temporada. Olho nela.
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ENQUANTO isso, o Jamanta vem fazendo escola também na cena club. Virou alter ego para quando a pessoa em si está meio colocada, meio lesada, você sabe. Tipo: "Jamanta quer mais whisky".
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E olha como são as coisas: a cena tecno emergente do Rio rolou. O maior sucesso do momento na cidade é a noite de sábado na Bunker, ali onde era a Le Boy. Quem toca é a dobradinha Mauricio Lopes e José Roberto Mahr. Isso mesmo: Mahr (um dos gurus e pioneiros da música eletrônica no Brasil) deu a volta e está, de novo, à frente da parada. Então é praticamente um revival! E as pessoas são supercarinhosas e o clube é bem-cuidadinho, com água até de manhã e lugar para sentar e esfriar a cabeça. O tipo de som é tecno pesado, lenha mesmo, claro, como gostam os cariocas. E sábado teve after-hours, onde tocou o seu, o meu, o nosso Renato Lopes, mantendo o povo até as 10h.

SERIA uma ótima e saudável noite para o Rio, que teria ainda Mau Mau tocando no Funky Buddah, na estréia da noite tecno do novo clube do promoter Roberto "Betinho" Pedrosa. Mau Mau não foi e Betinho decidiu não abrir o clube naquela noite. Clubbers e promoters cariocas tomaram as dores de Betinho e não querem ouvir falar disso tudo tão cedo (tentei falar com o Mau Mau pra ele esclarecer, mas não consegui achá-lo em tempo do fechamento desta coluna).
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CORREM boatos que existem câmeras no Lov.e, para registrar ocasionais brigas do povo do jiu-jitsu e porte de armas (são cabeludos os recentes casos onde top clubbers da casa foram ameaçados). Se é verdade ou não, vai saber. Que sirva ao menos para manter longe gente encrenqueira -que a gente só quer se divertir em paz. E anteontem rolou também a noite do Cut La Roc, de puro breakbeat, no clube. Não tava entupido, mas tava legal e ele tocou umas famosas também, não tocou só underground.
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TAMBÉM estão rolando as noites do DJ Bid no Espaço Anexo, na Cardeal Arcoverde. É toda quarta, com a jovem descolândia da cidade.
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TEM nova fornada de revistas hype. Saiu a última "Purple" e vale prestar atenção também na novíssima e moderna "Spoon" (www.spoon.magazine.com).
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CLUBBERS, hypes e hopes das bandas de Itu se jogam este fim-de-semana no aniversário da Anzu, o clube mais famoso e mais legal de lá, com DJs daqui e caravanas saídas do Porto Luna, em SP.
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E-mail: palomino@uol.com.br



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