São Paulo, sexta, 30 de outubro de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CRÍTICA
Coletânea destaca rock prático e eficiente da banda

do "Notícias Populares"

"The Masterplan", primeira coletânea do Oasis, não justifica por que seu guitarrista Noel Gallagher julgou-se no direito de dizer, no ano passado, que o grupo significava mais que Deus para a juventude britânica atual.
É melhor um parâmetro menos divino e mais humano. E aí faz sentido que o Oasis seja o grupo de maior sucesso de seu país nos últimos anos pela extrema eficiência em melodias de rock simples.
Cantarolável, prático, o Oasis agrega em vez de isolar fãs em cultos. Tanto que foi dada a eles a chance de escolher as faixas dessa compilação, que traz os melhores lados B (denominação obsoleta na era do CD) dos compactos do quinteto desde 1994.
A motivação para "The Masterplan" foi facilitar para o público de outros países, que só tem acesso aos compactos importando-os.
O lema dos fãs diz que muitos lados B superam algumas faixas dos álbuns. É um afago para quem devora cada briga "é apenas rock'n'roll" do vocalista Liam Gallagher em hotéis, aviões e até com o próprio irmão Noel. Para sorte do próprio Oasis, seu público não foi conquistado apenas pelo noticiário "invocadinho". O Oasis não complica. O rock de "Acquiesce", "Listen Up", "Rockin' Chair", "Stay Young" e da instrumental "The Swamp Song" não é pesado nem leve. Há vocais rasgados, solos de guitarra no ponto e refrãos pop. Como até esses rocks têm algo melancólico em algum acorde, as baladas deixam o grupo ainda mais solto. Principalmente Noel, que canta as mais músicas calmas.
Os violões despojados e vocais vulneráveis de "Talk Tonight", "Half the World Away" e "The Masterplan" fazem esquecer que essa é uma megabanda. A cover de "I Am the Walrus" deve-se mais à obsessão da banda em autoproclamar os "novos Beatles". A psicodelia perturbada do original foi reduzida ao mínimo denominador comum. Resultados melhores acontecem quando, em vez de covers, o Oasis reaplica o que absorveu de outros. "Going Nowhere" lembra o compositor pop Burt Bacharach e "Underneath the Sky" poderia ser confundida com algo do XTC, outra banda obcecada por Beatles que não teve sucesso comercialcom isso. A coletânea ilustra porque, em sua terra natal, uma música do Oasis congrega amigos e cantoria nos shows ou quando tocada na jukebox de um pub.
No resto do mundo, os ambientes e razões podem ser outros. Mas a simplificação competente dos irmãos Gallagher provoca uniões mais fáceis e amplas que complexidades caprichadas. (MO)
²
Disco: The Masterplan
Banda: Oasis
Lançamento: Sony, em 3 de novembro (nacional)
Quanto: R$ 20 (em média)




Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.