São Paulo, Terça-feira, 30 de Novembro de 1999


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SHOW - CRÍTICA
Alanis aponta a salvação para os fiéis do rock

THALES DE MENEZES
da Reportagem Local

Uma religião. Muita fé no rock and roll. Não há outra palavra para descrever. O show de Alanis Morissette no último sábado, no Credicard Hall, foi uma liturgia musical aos berros e acordes de guitarra. Para a molecada que lotou o lugar, algo para não ser esquecido. O zen é o limite.
A Alanis calma e serena que aparece na gravação do "Acústico" da MTV ficou em casa. Quem subiu ao palco foi a mesma canadense alucinada que pôs o Olympia abaixo há três anos. Agora, com mais repertório e cantando ainda melhor, ela converteu qualquer incrédulo que pudesse estar escondido na platéia.
A banda continua repleta de músicos jovenzinhos e muito bons. O cenário segue despojado, com apenas alguns pensamentos budistas impressos em um grande painel no fundo do palco (coisas como "não roube", "não minta"...). O trabalho da iluminação é discreto e limitado, na maior parte do tempo, a tentar acompanhar a cantora, que não pára de saltar e correr pelo palco.
Alanis tem duas posturas no show, dependendo da canção executada. Nos rocks mais nervosos, ela pula, corre de um lado para outro e gira, muitas vezes, o corpo e a cabeça, fazendo um redemoinho com o cabelão. Em determinado momento, deve ter rodopiado o corpo umas 50 vezes, para delírio da platéia.
Já nas baladas, ela escolhe um lugar na beira do palco e canta estática, fitando um determinado ponto na platéia. De qualquer modo, em movimento ou repouso, Alanis não quebra o transe que parece tomar conta dela do primeiro ao último acorde do show, feito uma sacerdotisa possessa.
E o público responde com a mesma energia. Todos cantam cada música, as letras inteiras, e explodem em gritos a cada gesto diferente de Alanis.
Com praticamente dois álbuns -já que o terceiro e mais recente é o "MTV Unplugged", quase só de regravações-, a cantora consegue um repertório com a força que muita gente por aí só alcança com uma dúzia de discos.
"Baba", "You Oughta Know", "You Learn", "Uninvited" e todos os hits foram entoados. No primeiro bis, "Thank U" e a versão matadora de "King of Pain", do Police. Na segunda volta ao palco, a catarse final com "Ironic".
A molecada de hoje não precisa mais ficar com inveja do pessoal dos anos 60. Quem não teve Janis Joplin está muito bem servido com Alanis Morissette.


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