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SHOW - CRÍTICA
Alanis aponta a salvação para os fiéis do rock
THALES DE MENEZES
da Reportagem Local
Uma religião. Muita fé no rock
and roll. Não há outra palavra para descrever. O show de Alanis
Morissette no último sábado, no
Credicard Hall, foi uma liturgia
musical aos berros e acordes de
guitarra. Para a molecada que lotou o lugar, algo para não ser esquecido. O zen é o limite.
A Alanis calma e serena que
aparece na gravação do "Acústico" da MTV ficou em casa. Quem
subiu ao palco foi a mesma canadense alucinada que pôs o Olympia abaixo há três anos. Agora,
com mais repertório e cantando
ainda melhor, ela converteu qualquer incrédulo que pudesse estar
escondido na platéia.
A banda continua repleta de
músicos jovenzinhos e muito
bons. O cenário segue despojado,
com apenas alguns pensamentos
budistas impressos em um grande painel no fundo do palco (coisas como "não roube", "não minta"...). O trabalho da iluminação é
discreto e limitado, na maior parte do tempo, a tentar acompanhar
a cantora, que não pára de saltar e
correr pelo palco.
Alanis tem duas posturas no
show, dependendo da canção
executada. Nos rocks mais nervosos, ela pula, corre de um lado para outro e gira, muitas vezes, o
corpo e a cabeça, fazendo um redemoinho com o cabelão. Em determinado momento, deve ter rodopiado o corpo umas 50 vezes,
para delírio da platéia.
Já nas baladas, ela escolhe um
lugar na beira do palco e canta estática, fitando um determinado
ponto na platéia. De qualquer
modo, em movimento ou repouso, Alanis não quebra o transe que
parece tomar conta dela do primeiro ao último acorde do show,
feito uma sacerdotisa possessa.
E o público responde com a
mesma energia. Todos cantam
cada música, as letras inteiras, e
explodem em gritos a cada gesto
diferente de Alanis.
Com praticamente dois álbuns
-já que o terceiro e mais recente
é o "MTV Unplugged", quase só
de regravações-, a cantora consegue um repertório com a força
que muita gente por aí só alcança
com uma dúzia de discos.
"Baba", "You Oughta Know",
"You Learn", "Uninvited" e todos
os hits foram entoados. No primeiro bis, "Thank U" e a versão
matadora de "King of Pain", do
Police. Na segunda volta ao palco,
a catarse final com "Ironic".
A molecada de hoje não precisa
mais ficar com inveja do pessoal
dos anos 60. Quem não teve Janis
Joplin está muito bem servido
com Alanis Morissette.
Avaliação:
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