São Paulo, domingo, 30 de novembro de 2008 |
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BIA ABRAMO Saem as novelas, entram as minisséries
Ok, 2008 tem sido um ano duro, duríssimo, para as telenovelas, mas não para toda a teledramaturgia. Tem sido um ano bom, até mesmo ótimo, para as minisséries -e dá para afirmar isso mesmo com poucas pistas sobre a "Capitu" de Luiz Fernando Carvalho. Tivemos as ótimas "9 MM São Paulo" e "Alice" na TV por assinatura e, agora na Globo, "Ó Paí, Ó" (sextas, às 23h20), que, mesmo que não tenha as mesmas qualidades que as duas primeiras, é infinitamente melhor do que qualquer coisa que se esteja fazendo em novela. Baseada no filme homônimo (o que, neste caso, é uma temeridade) de Monique Gardenberg, a série de seis episódios é simpática e divertida. Se, no filme, a leveza de certa forma pesava para o "folclorizante" e caricato, na televisão o humor gaiato funciona bem melhor. No cenário privilegiado do Pelourinho, entrecruzam-se vários tipos "baianos" de uma Salvador urbana e boêmia -o aspirante a cantor, a travesti, a dançarina, a dona de boteco, o escroque etc.-, todos mais ou menos à margem, vivendo de bicos e pequenos expedientes. E há, claro, a eterna festa que os olhos turistas esperam de Salvador. Lázaro Ramos é Roque, aspirante a cantor, galã e do bem. Matheus Nachtergaele, o escroque. Vários atores desconhecidos da TV, mas veteranos do Bando de Teatro Olodum (o grupo em que Ramos começou a carreira), compõem o elenco -destaque para a excelente Tânia Toko, a dona do boteco, e Lyu Arisson, a travesti, e para a estreante Aline Nepomuceno. Os episódios têm sido mais ou menos irregulares -depois dos dois primeiros, "Mercado Branco" e "Mãe e Quenga", o seriado perdeu um pouco o fôlego. A série tem sido uma espécie de fenômeno de audiência regional. Tem registrado bons índices em Salvador: marcou média de 39 pontos nos três primeiros episódios. É óbvio, mas, ao mesmo tempo, a lição a se tirar talvez não seja assim tão evidente: a diversidade da experiência brasileira talvez não caiba mais num só formato. Por isso, as minisséries são tão bem-vindas. Além de mais curtas (viva!) e mais bem cuidadas, não sofrem da pretensão de representar a "totalidade" do imaginário nacional. E, ao mesmo tempo, conseguem abrir janelas para lugares, histórias e rostos que, no projeto maluco em que se transformou a telenovela e sua ambição de audiência universal, estariam de fora. biabramo.tv@uol.com.br Texto Anterior: Novelas da semana Próximo Texto: Crítica: Bertolucci converte história em cinema Índice |
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