São Paulo, sábado, 30 de dezembro de 2000

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CINEMA

Assessor de Pimenta, das Comunicações, nega oposição a longa; "falta dinheiro para todas as obras", diz Babenco questiona ministro sobre suposto boicote

Babenco questiona ministro sobre suposto boicote

DA REPORTAGEM LOCAL

O cineasta Hector Babenco disse anteontem que "ouviu rumores" de que o ministro Pimenta da Veiga (Comunicações) seria contra seu novo longa-metragem, "Carandiru", baseado no livro de Drauzio Varella. Ele enviou uma carta ao ministro, como adiantou ontem a coluna Painel, da Folha.
Babenco questiona na carta se foi esse o motivo da não-liberação da verba dos Correios, uma instituição subordinada ao ministério, para a produção do filme e das dificuldades que vem tendo para conseguir patrocínio de empresas privadas.
Teria chegado ao cineasta, por meio do que ele chama de "rumores", que, para Pimenta da Veiga, seu novo longa-metragem poderia prejudicar a imagem do Brasil no exterior. "Eu ouvi rumores e mandei a carta a ele perguntando se ele tinha alguma coisa contra o projeto. Ouvi (isso) de várias pessoas e me assustou muito", disse Babenco.
A carta foi enviada ao ministro das Comunicações no dia 15 de dezembro, com cópia para o presidente Fernando Henrique Cardoso e para os ministros Francisco Weffort (Cultura) e José Gregori (Justiça).
Segundo Babenco, até a tarde de anteontem a carta não havia sido respondida.
O cineasta não quis dizer de quais pessoas ouviu a história sobre o suposto boicote de Pimenta da Veiga a seu filme. "Foi de várias pessoas... Pessoas que trabalham, lógico."
Babenco também não quis comentar detalhes da carta enviada ao ministro. "Eu não tenho o que te dizer. Sou simplesmente um brasileiro que paga imposto. Você fala com o ministro, acho que é o correto como jornalista. Acho que seria importante você indagar ao ministro. Você tem de ligar já para ele. Eu não tenho o que dizer, estou fazendo um filme", disse o cineasta.
"Carandiru", segundo ele, está em fase de pré-produção. Segundo a Folha apurou, o projeto já arrecadou cerca de R$ 2,7 milhões, e as filmagens devem começar em breve.

Outro lado
Laerte Rimoli, assessor de imprensa de Pimenta da Veiga, disse que leu a carta enviada por Babenco e negou todas as suposições do cineasta.
"Simplesmente o que ocorre é que os Correios não têm dinheiro para todas as obras. Já foram dados patrocínios a três filmes, do Pedro Bial, da Ana Maria Magalhães e do Helvécio Ratton. Acho que Babenco tem de lutar para fazer seu filme sem fazer lobby contra o ministro", disse.
Rimoli afirmou ainda que Pimenta da Veiga jamais ligaria para qualquer empresa para fazer lobby contra um filme.




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