LAÉRLEO ROMUALDO DE SOUZA
ESPECIAL PARA A FOLHA

A liberdade existe. Ela está entre a roda dianteira e traseira. E tem um som maravilhoso. É com esse comentário, miscelânea de ditos populares dos motociclistas, que eu começaria a explicar "Sons of Anarchy". A série retrata um motoclube de foras-da-lei.
Para quem gosta de motos, o seriado vai direto ao ponto, descrevendo modelos de Harley Davidson enquanto mostra o confronto entre o jovem Jax e seu "mentor", vivido pelo ótimo Ron Perlman ("Hellboy").
Jax tem uma ligação com o crime e é ainda mais desvirtuado após a morte do pai. O sócio se casa com sua mãe, e eles levam a gangue para o buraco. A "filosofia" que o líder defende iria cooptá-lo para a vida de criminoso mesmo se tivesse uma oficina de jipes ou de charretes.
Para quem não entende de motos, pinta uma curiosidade por aquele universo. Muitas pessoas pensam que somos anarquistas, que gostamos de arrumar confusão e briga. Ou que somos drogados. Mas estão errados. A maioria é de paz.
Enquanto eu assisto à serie, fico tentando descobrir qual o modelo de cada máquina. Acaba dando mais vontade de pegar a estrada, porque você vai vendo aqueles pilotos e suas maravilhosas obras de arte.
Que não se confunda, contudo, o amor pelas motos com essa vida de gangue. As tribos se importam só com seus membros. O amor pelas duas rodas não tem nada a ver com uma facção. É acelerar em uma moto e fazer novos amigos. Outro problema é que a série é focada na realidade dos EUA.
Quando se trata do Brasil, tudo muda de figura. Normalmente quem anda de moto grande são profissionais já estabelecidos, acima dos 40 anos e de cabeça boa, querendo curtir a vida.
Mas acho que o seriado vai conquistar o público, que hoje em dia gosta mesmo de ação.

LAÉRLEO ROMUALDO DE SOUZA anda de moto há 32 anos e deu esse depoimento antes de viajar para o Uruguai, com a mulher e a filha, cada um em uma moto esportiva.