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São Paulo, sexta-feira, 31 de janeiro de 2003

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TEATRO

"4.48 Psychose" vem em fevereiro

Confirmada peça com Isabelle Huppert em SP

VALMIR SANTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Conhecida do público brasileiro pela atuação no cinema, a francesa Isabelle Huppert mostrará sua face teatral em São Paulo na última semana de fevereiro.
Foi confirmada, na última terça-feira, a turnê brasileira do espetáculo "4.48 Psychose", texto da inglesa Sarah Kane (1971-99), protagonizado por Huppert e dirigido pelo francês Claude Régy.
Serão quatro apresentações, entre 23 e 28 de fevereiro, somente no teatro Sesc Anchieta (a agenda de Huppert não permitiu levar a peça a outros Estados).
O Serviço Social do Comércio em São Paulo deve anunciar hoje as datas, horários, início da venda de ingressos (o Anchieta tem 328 lugares) e possíveis encontros paralelos de Huppert e Régy com o público e a classe teatral.
O Consulado da França em São Paulo, a gerência de ação cultural do Sesc SP e a empresa gaúcha Mais Produções Artísticas definiram o projeto após cerca de três meses de negociações com a produção do espetáculo.
O apoio da Associação Francesa para a Ação Artística (Afaa), da Embaixada da França em Brasília e da empresa Air France foram fundamentais para a realização.
A Folha apurou que o cachê de "4.48 Psychose" será de 16 mil (cerca de R$ 63 mil) por noite, descontados os custos com direitos autorais e infra-estrutura para a equipe prevista de 11 pessoas.
Em dezembro, o diretor técnico Sallahdyn Khatir, que trabalha na cia. de Régy, a Les Ateliers Contemporains, visitou o Anchieta e o aprovou para a encenação.
Huppert, 47, passa cerca de duas horas praticamente imóvel no centro do palco. A interpretação apóia-se na fala e na expressão do seu rosto. O ator Gérard Watkins contracena ao fundo, atrás de uma tela transparente na qual são projetadas imagens.
Quem assistiu a filmes recentes com Huppert, como "A Teia de Chocolate" (2000), dirigido por Claude Chabrol, ou "A Professora de Piano" (2001), por Michael Haneke, tem uma noção do seu potencial para o drama, apesar da aparente fragilidade -a última atuação da atriz no teatro foi em "Medéia" (2000), a tragédia de Eurípedes, por Jacques Lasalle.
A quinta e derradeira peça escrita por Sarah Kane traz o monólogo de uma personagem atormentada pela depressão e à beira do suicídio. O título, "4.48 Psychose", é uma referência ao horário presumido em que é mais comum às pessoas porem fim à vida, na calada da madrugada. Nome dos mais inquietantes na dramaturgia européia contemporânea, a autora se matou em 1999.
O encenador Régy resistia à tradução dos diálogos em francês, mas deverá ceder. Antes de São Paulo, a montagem passaria por Lisboa. A estréia ocorreu em novembro, em Paris, no teatro Les Bouffes du Nord, sede da companhia do inglês Peter Brook.
Régy, 78, é considerado um encenador meticuloso, responsável pela introdução de autores como os ingleses Edward Bond, Harold Pinter e Tom Stoppard na França.
Em 1971, ele dirigiu no teatro Maison de France, no Rio, a montagem de "A Mãe", do escritor e filósofo polonês Stanislaw Witkiewicz, com a cia. Tereza Rachel. No elenco, entre outros, José Wilker, Oswaldo Louzada e Aderbal Freire-Filho.


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