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TEATRO
"4.48 Psychose" vem em fevereiro
Confirmada peça com Isabelle Huppert em SP
VALMIR SANTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Conhecida do público brasileiro
pela atuação no cinema, a francesa Isabelle Huppert mostrará sua
face teatral em São Paulo na última semana de fevereiro.
Foi confirmada, na última terça-feira, a turnê brasileira do espetáculo "4.48 Psychose", texto
da inglesa Sarah Kane (1971-99),
protagonizado por Huppert e dirigido pelo francês Claude Régy.
Serão quatro apresentações, entre 23 e 28 de fevereiro, somente
no teatro Sesc Anchieta (a agenda
de Huppert não permitiu levar a
peça a outros Estados).
O Serviço Social do Comércio
em São Paulo deve anunciar hoje
as datas, horários, início da venda
de ingressos (o Anchieta tem 328
lugares) e possíveis encontros paralelos de Huppert e Régy com o
público e a classe teatral.
O Consulado da França em São
Paulo, a gerência de ação cultural
do Sesc SP e a empresa gaúcha
Mais Produções Artísticas definiram o projeto após cerca de três
meses de negociações com a produção do espetáculo.
O apoio da Associação Francesa
para a Ação Artística (Afaa), da
Embaixada da França em Brasília
e da empresa Air France foram
fundamentais para a realização.
A Folha apurou que o cachê de
"4.48 Psychose" será de 16 mil
(cerca de R$ 63 mil) por noite,
descontados os custos com direitos autorais e infra-estrutura para
a equipe prevista de 11 pessoas.
Em dezembro, o diretor técnico
Sallahdyn Khatir, que trabalha na
cia. de Régy, a Les Ateliers Contemporains, visitou o Anchieta e o
aprovou para a encenação.
Huppert, 47, passa cerca de
duas horas praticamente imóvel
no centro do palco. A interpretação apóia-se na fala e na expressão do seu rosto. O ator Gérard
Watkins contracena ao fundo,
atrás de uma tela transparente na
qual são projetadas imagens.
Quem assistiu a filmes recentes
com Huppert, como "A Teia de
Chocolate" (2000), dirigido por
Claude Chabrol, ou "A Professora
de Piano" (2001), por Michael Haneke, tem uma noção do seu potencial para o drama, apesar da
aparente fragilidade -a última
atuação da atriz no teatro foi em
"Medéia" (2000), a tragédia de
Eurípedes, por Jacques Lasalle.
A quinta e derradeira peça escrita por Sarah Kane traz o monólogo de uma personagem atormentada pela depressão e à beira
do suicídio. O título, "4.48
Psychose", é uma referência ao
horário presumido em que é mais
comum às pessoas porem fim à
vida, na calada da madrugada.
Nome dos mais inquietantes na
dramaturgia européia contemporânea, a autora se matou em 1999.
O encenador Régy resistia à tradução dos diálogos em francês,
mas deverá ceder. Antes de São
Paulo, a montagem passaria por
Lisboa. A estréia ocorreu em novembro, em Paris, no teatro Les
Bouffes du Nord, sede da companhia do inglês Peter Brook.
Régy, 78, é considerado um encenador meticuloso, responsável
pela introdução de autores como
os ingleses Edward Bond, Harold
Pinter e Tom Stoppard na França.
Em 1971, ele dirigiu no teatro
Maison de France, no Rio, a montagem de "A Mãe", do escritor e
filósofo polonês Stanislaw Witkiewicz, com a cia. Tereza Rachel.
No elenco, entre outros, José Wilker, Oswaldo Louzada e Aderbal
Freire-Filho.
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