ANDRÉ BARCINSKI
CRÍTICO DA FOLHA

"Lunar" é um caso raro de filme de ficção científica mais preocupado com ideias do que com efeitos especiais. Em um futuro próximo, o astronauta Sam Bell (o excelente Sam Rockwell) é o solitário integrante de uma estação que explora a superfície lunar para uma companhia energética. A única companhia de Sam é o robô Gerty (uma óbvia referência ao HAL 9000 de "2001"), dublado por Kevin Spacey.
Sam está ansioso. Sofre com perturbadoras alucinações. Está prestes a completar seu contrato de três anos e não vê a hora de voltar à mulher e à filha, que deixou na Terra. Um problema técnico impede a comunicação ao vivo com a Terra, e Sam só se comunica por meio de mensagens gravadas.
Durante uma rotineira exploração pela superfície lunar, ele sofre um grave acidente. Quando acorda, está de volta à estação, sem a menor ideia de como voltou para lá e, mais estranho, descobre um clone robótico de si mesmo. O clone diz que veio para substituí-lo em um novo contrato de três anos, o que faz Sam se indagar se ele próprio não seria um clone.
"Lunar" é um filme incomum. Estreia na direção de Duncan Jones, filho do astro David Bowie, tem, como muitos filmes de estreia, ideias em demasia e uma dificuldade em organizá-las de forma coerente. Apesar disso, tem momentos de brilho, e uma instigante aura de mistério.
Jones deve ter aprendido algumas lições com o pai, que gravou clássicos sobre exploração espacial como "Space Oddity". Os dois dividem o interesse pelo futuro e nosso lugar nele, e fizeram, cada qual à sua maneira, meditações sobre o tema. Jones surge como cineasta de potencial. Veremos o que o futuro reserva para ele.