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BAHIA
Escritor baiano deve ir ao lançamento do terceiro número dos `Cadernos de Literatura Brasileira' em Salvador
Amado ganha homenagem em revista
CASSIANO ELEK MACHADO
free-lance para a Folha
A mesma praça que assistiu Tereza Batista comandar uma greve
de prostitutas, a morte de Pedro
Arcanjo e a ressurreição de Quincas Berro Dágua observa hoje uma
homenagem ``formidável'' ao
criador desses personagens.
A opinião é do próprio Jorge
Amado, 84, que participa hoje do
lançamento do terceiro número
dos ``Cadernos de Literatura Brasileira'', no Pelourinho, Salvador.
A publicação semestral do Instituto Moreira Salles chega hoje às
livrarias com cheiro de cravo e canela, perfume que o escritor garante ainda sentir no ar da Bahia.
Em 1923, quando Amado tinha
11 anos, seu professor leu a redação ``O Mar'' e sentenciou: ``Este
vai ser escritor''.
Amado, cujos 32 livros se multiplicaram em 20 milhões de exemplares só no Brasil, disse à Folha
que, desde que o padre Luiz Gonzaga Cabral disse essa frase, foram
poucas as ocasiões em que não esteve rabiscando algum texto.
Atualmente, Jorge Amado diz
que está apenas descansando. Ele
ainda se recupera de cirurgia a que
se submeteu no final de 1996.
Como boa parte dos escritores,
ele diz que seus romances são como filhos. Mas Jorge Amado acha
que não vale a pena relê-los.
As 164 páginas em papel cuchê da
revista-homenagem, que o escritor garante que leu cuidadosamente, seguem o padrão dos números
anteriores, dedicados aos escritores brasileiros João Cabral de Melo
Neto e Raduan Nassar.
"Cadernos" disseca a obra do
``velho marinheiro'' das ``Terras
de sem fim'' em nove seções.
``A Vida e a Vida do Menino
Grapiúna'' é uma cronologia alentada da biografia de Jorge Amado.
Os dados da vida do escritor,
desde o nascimento na fazenda
Auricídia, em Ferradas, distrito da
cidade de Itabunas (BA), até a escolha de Tieta como tema do Carnaval de Salvador de 1997, são intercalados por fotografias, muitas
feitas pela escritora Zélia Gattai,
mulher e ``escudeira'' de Amado.
Em seguida, estão textos de
Darcy Ribeiro, Nelson Pereira dos
Santos, Celso Furtado, Alice Raillard (tradutora de Amado para o
francês), Mário Vargas Llosa e Oscar Niemeyer sobre o escritor.
O "ABC de Amado" continua
com uma entrevista recheada por
110 perguntas, realizadas por personalidades culturais e pelos editores da revista, Antonio Fernando De Franceschi e Rinaldo Gama.
Depois de muito texto, o caderno
``respira'' com 19 páginas apenas
com fotografias de Eduardo Simões, que se empenhou para reconstruir a ``geografia pessoal'' do
autor, entre Salvador e Ilhéus.
Ilustrado por Carybé, o ``borrão
das duas cenas iniciais de `A Apostasia Universal de Água Branca'''
abre a seção de inéditos, que conta
com bilhetes que Pablo Neruda,
Otto Lara Resende e Mário de Andrade deixaram para o escritor.
Depois de muitos confetes, a revista une três reflexões críticas sobre a literatura amadiana, feitas
por Roberto DaMatta, Fábio Lucas
e Eduardo de Assis Duarte.
A publicação deságua, então, em
navegação de cabotagem ao redor
da extensa produção do autor.
O ``Guia Jorge Amado'' reúne as
traduções, entrevistas, documentários e a bibliografia completa, inclusive com títulos que Amado diz
que não estariam em suas ``obras
completas'', como é o caso de ``Lenita'', novela escrita em 1929.
A festa de lançamento é aberta.
Como falou Amado, ``se é de paz,
pode entrar, diz-se na Bahia''.
Revista: Cadernos de Literatura
Brasileira/Jorge Amado
Preço: R$ 18 (164 páginas)
Onde: Fundação Casa de Jorge Amado
(lgo. do Pelourinho, Salvador)
Quando: hoje, a partir das 19h
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