São Paulo, sexta-feira, 31 de março de 2000


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CINEMA - "ECOS DO ALÉM"
Quando "Sexto Sentido" encontra "Beleza Americana"

da Reportagem Local

Curto e grosso, "Ecos do Além", produção americana que entra em cartaz hoje no Brasil, é sobre um menininho que vê pessoas mortas. Cópia oportunista do sucesso que tem Bruce Willis no elenco, o mais bem-sucedido filme sobre o além desde "Ghost"? De jeito nenhum.
"Ecos do Além" ("Stir of Echos", 98/99) caminha por um outro... sentido.
Mesmo assombrado pelo fantasma do "déjà vu", o filme que estréia, para começar, foi realizado alguns meses antes de "O Sexto Sentido".
Estrelado pelo canast..., ops, ator Kevin Bacon, "Ecos do Além" é um bom fruto da safra de horror que contou a história da cinematografia hollywoodiana no ano passado, ao lado de "A Bruxa de Blair" e "O Sexto Sentido".
É interessante notar, "Ecos do Além" promove um encontro do sobrenatural com, vamos dizer, "Beleza Americana", o papa-Oscar. No caso, Kevin Bacon faz as vezes do xará Spacey, um sujeito qualquer, cercado de vizinhos quaisquer que moram em um bairro qualquer. Agraciado por uma vida normal miserável, enfadonha. "Nunca quis ser famoso. Apenas nunca desejei ser tão normal", reclama.
Como em "Beleza Americana", um catalisador do destino acontece na vida do Kevin, o Bacon, e joga para o alto o pobre cotidiano do rapaz. É aqui que "Ecos do Além" opta pela estrada do... além. E o filme decola.
O menino que vê pessoas mortas, em geral, e uma certa garota, em particular, é filho de Kevin Bacon. Mas o pai não sabe. Acha o garoto meio esquisito.
Num dado momento, em uma roda de pessoas cujo papo versa sobre os poderes paranormais de uma velha amiga, Bacon, no caso o cético Tom Witzky, é hipnotizado por brincadeira.
No transe, Tom deve imaginar que está em uma sala de cinema, escura, com a tela em branco, na qual algumas letras começam a surgir. E, por essa esquisita sessão criada na mente de Tom, estabelece-se uma comunicação com mortos, pelo menos os que necessitam de comunicação.
Tom foi escolhido. E, de algum modo, o espectador também. Principalmente os que se envolvem com um filme assim, sentados no escuro do cinema, esperando algo aparecer na tela. É o cinema na versão centro espírita.
Tom, o cético, insatisfeito com seu cotidiano, encontra uma motivação. Mórbida, mas que dá novo sentido à sua vida: o da perturbação mental. E é o momento em que Bacon se dá melhor.
Bacon/Tom vai se aliar ao filho (diz a crença, crianças são ótimas "receptoras" dessas coisas do além, e Hollywood sabe disso) na missão de sossegar a garota que morreu, mas insiste em aparecer para conversar com o menino.
"Ecos do Além" traz dois sucessos em um só, acrescido do fator "drama psicológico", bem conduzido pela câmera claustrofóbica de David Koepp, colaborador preferido de Brian De Palma.
(LÚCIO RIBEIRO)


Avaliação:    


Filme: Ecos do Além (A Stir of Echoes) Direção: David Koepp Produção: EUA, 1999 Com: Kevin Bacon, Kathryn Erbe e Illeana Douglas Quando: a partir de hoje, nos cines Anália Franco1, Gemini 2 e circuito


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