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OUTRA FREQÜÊNCIA
Jovem Pan e PT entram em guerra na Justiça
LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
O ano eleitoral mal começou
e já está no ar uma batalha
judicial entre a Jovem Pan e o PT.
A rádio entrou com um recurso,
anteontem, para tentar derrubar
uma liminar obtida na Justiça pelo Partido dos Trabalhadores.
Na semana passada, o diretório
paulistano do PT conseguiu proibir a estação de veicular uma enquete que perguntava aos ouvintes: "Em quem você não votaria
para a Prefeitura de São Paulo?".
A questão foi respondida no ar
por 21 paulistanos, no programa
"Ligação Jovem Pan", em 23 e 24
de março. Marta Suplicy, candidata à reeleição pelo PT, foi a resposta de 17 (80%).
Em documento enviado à 1ª Zona Eleitoral do Estado de SP, o PT
acusa a enquete da rádio de pesquisa irregular, com "claros contornos de ato de propaganda eleitoral negativa". Reproduz frases
de ouvintes que chamaram a prefeita de "péssimo exemplo à família brasileira", "Martaxa" e "Marta "Buraco na Cidade" Suplicy".
O juiz eleitoral José Joaquim dos
Santos acatou a solicitação do
partido, suspendendo a enquete e
estipulando multa diária de 50 mil
Ufirs (R$ 74,62 mil) em caso de
descumprimento. Em seu despacho, afirma que a rádio deveria,
por lei eleitoral, deixar claro que a
sondagem não tem caráter de
pesquisa e concorda que a enquete funciona como propaganda negativa contra Marta Suplicy.
No contra-ataque, a Pan investe
na tese de censura. Diz que fez levantamento de opinião dos ouvintes, uma prática jornalística.
"É a voz do povo que se pretende
calar?", questiona o advogado e
comentarista da Pan Joseval Peixoto, no recurso à Justiça.
A estação, que no ano passado
levou ao ar a campanha "Pesquisa
Não Existe", insiste nisso no apelo
ao juiz. Ironiza o fato de a lei eleitoral exigir que se divulgue apenas levantamento com "critérios
científicos". Diz que as pesquisas
"têm causado sérios transtornos
às eleições brasileiras". Como
exemplo, cita a eleição municipal
de 1985, à qual se refere como "fato recente, que a população ainda
não esqueceu". "Todos os institutos de pesquisa erraram. Deram
vitória para Fernando Henrique
Cardoso." E afirma que só a Pan,
com o "trabalho jornalístico" que
a lei "despreza tanto", adiantou o
triunfo de Jânio Quadros.
Joseval Peixoto afirmou à Folha
que fazer a ressalva exigida pela lei
-de que o levantamento não segue critérios científicos- tiraria a
credibilidade da enquete.
A assessoria do deputado Ítalo
Cardoso, presidente do diretório
municipal do PT, diz que a intenção do partido foi o cumprimento
da lei eleitoral, não a censura.
A briga está só começando. E a
campanha no rádio, já fervendo.
@ - laura@folhasp.com.br
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