São Paulo, quarta-feira, 31 de março de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

OUTRA FREQÜÊNCIA

Jovem Pan e PT entram em guerra na Justiça

LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

O ano eleitoral mal começou e já está no ar uma batalha judicial entre a Jovem Pan e o PT.
A rádio entrou com um recurso, anteontem, para tentar derrubar uma liminar obtida na Justiça pelo Partido dos Trabalhadores.
Na semana passada, o diretório paulistano do PT conseguiu proibir a estação de veicular uma enquete que perguntava aos ouvintes: "Em quem você não votaria para a Prefeitura de São Paulo?".
A questão foi respondida no ar por 21 paulistanos, no programa "Ligação Jovem Pan", em 23 e 24 de março. Marta Suplicy, candidata à reeleição pelo PT, foi a resposta de 17 (80%).
Em documento enviado à 1ª Zona Eleitoral do Estado de SP, o PT acusa a enquete da rádio de pesquisa irregular, com "claros contornos de ato de propaganda eleitoral negativa". Reproduz frases de ouvintes que chamaram a prefeita de "péssimo exemplo à família brasileira", "Martaxa" e "Marta "Buraco na Cidade" Suplicy".
O juiz eleitoral José Joaquim dos Santos acatou a solicitação do partido, suspendendo a enquete e estipulando multa diária de 50 mil Ufirs (R$ 74,62 mil) em caso de descumprimento. Em seu despacho, afirma que a rádio deveria, por lei eleitoral, deixar claro que a sondagem não tem caráter de pesquisa e concorda que a enquete funciona como propaganda negativa contra Marta Suplicy.
No contra-ataque, a Pan investe na tese de censura. Diz que fez levantamento de opinião dos ouvintes, uma prática jornalística. "É a voz do povo que se pretende calar?", questiona o advogado e comentarista da Pan Joseval Peixoto, no recurso à Justiça.
A estação, que no ano passado levou ao ar a campanha "Pesquisa Não Existe", insiste nisso no apelo ao juiz. Ironiza o fato de a lei eleitoral exigir que se divulgue apenas levantamento com "critérios científicos". Diz que as pesquisas "têm causado sérios transtornos às eleições brasileiras". Como exemplo, cita a eleição municipal de 1985, à qual se refere como "fato recente, que a população ainda não esqueceu". "Todos os institutos de pesquisa erraram. Deram vitória para Fernando Henrique Cardoso." E afirma que só a Pan, com o "trabalho jornalístico" que a lei "despreza tanto", adiantou o triunfo de Jânio Quadros.
Joseval Peixoto afirmou à Folha que fazer a ressalva exigida pela lei -de que o levantamento não segue critérios científicos- tiraria a credibilidade da enquete.
A assessoria do deputado Ítalo Cardoso, presidente do diretório municipal do PT, diz que a intenção do partido foi o cumprimento da lei eleitoral, não a censura.
A briga está só começando. E a campanha no rádio, já fervendo.


@ - laura@folhasp.com.br


Texto Anterior: Mônica Bergamo
Próximo Texto: "Ativando": Programa social da 89 estréia sem novidades
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.