|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Obra investiga
vida e poesia de
Lautréamont
RODRIGO PETRONIO
FREE-LANCE PARA A FOLHA
O Conde de Lautréamont, pseudônimo de
Isidore Ducasse, se tornou
célebre por sua definição de
poesia: um guarda-chuva
aberto sobre uma mesa de
cirurgia.
Essa definição, que será
mais tarde o emblema de
surrealistas e dadaístas, ainda não é tão absurda quanto
um fato real: a escassez de
informação relativa à sua vida e de material referente à
sua obra.
Filho do cônsul François
Ducasse, Isidore nasceu em
Montevidéu, a 4 de abril de
1846, e morreu em Paris aos
24 anos de idade.
Em 1869, publica a versão
completa dos "Cantos de
Maldoror", que, afora alguns poemas, são praticamente a totalidade de sua
obra. São basicamente esses
os fatos concretos que temos
de sua vida, além de algumas
fontes indiretas e cartas.
Desses subsídios parte a biografia escrita pelo brasileiro
Ruy Câmara, "Cantos de
Outono".
Quanto à indigência crítica, temos a tradução e estudo (excelentes) de sua obra
completa feitos por Claudio
Willer e uma pequena biografia e estudo de Leyla Perrone-Moisés, além de outros, poucos, esparsos.
Câmara segue seu personagem desde os primeiros
anos, desde o suicídio da
mãe, Célestine, e narra os
desdobramentos que a tragédia terá para a família Ducasse, que parte para a França. Lá transcorre boa parte
do enredo, que aborda sobretudo a formação do jovem Isidore, sua admiração
por Baudelaire, o ambiente
artístico parisiense, a publicação dos "Cantos de Maldoror" e sua repercussão.
Assim Câmara reescreve
os "Cantos de Maldoror", e
adentra aquele território onde os fatos se esgotam e estamos naquele campo mais
além da vida como ela é e
que se aproxima do que ela
poderia -e ainda pode-
ter sido.
Cantos de Outono
Autor: Ruy Câmara Editora: Record Preço: R$ 48 (400 págs.)
Texto Anterior: Artes cênicas - " A praça do diamante": Guerra Civil Espanhola introduz ritmo de Rodoreda Próximo Texto: Entrelinhas: Após a Bienal, a Bienal Índice
|