São Paulo, domingo, 31 de maio de 2009

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crítica

Filme trata Hitler com sarcasmo

CÁSSIO STARLING CARLOS
CRÍTICO DA FOLHA

Uma antiga e ainda funcional fórmula marxista prega que a história acontece primeiro como tragédia e se repete como farsa. Sua validade cabe, por exemplo, para dois momentos do cinema alemão recente que, depois de reconstituir a derrocada das lideranças nazistas em "A Queda", traça um retrato sarcástico dos últimos dias de Hitler em "Minha Quase Verdadeira História".
Não chega, porém, a ser cômico o filme dirigido por Dani Levy, cineasta suíço de origem judaica. Também pudera. Seria difícil conseguir fazer rir da absurda ideia de afeição construída a partir do encontro entre um diretor de teatro judeu retirado de um campo de extermínio para ajudar Hitler a manter de pé a crença na superioridade ariana.
É do lado da farsa que o filme carrega algum interesse: aquela montada para o nazismo se manter no poder, a de um grupo de facínoras que encena um domínio que já não passava de ficção e, enfim, a de um homem fraco que projeta uma imagem superior à força de extermínios.
O filme expõe com acuidade esses aspectos, enfatizando a figura de Goebbels que encena para manter tudo e todos como reféns de sua "criação". O problema aqui é não nos permitir distinguir a farsa da tragédia, o que aproxima o filme de um revisionismo perigoso.


MINHA QUASE VERDADEIRA HISTÓRIA
Lançamento: Europa
Quanto: R$ 40, em média
Avaliação: regular




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