São Paulo, domingo, 31 de maio de 2009

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TELEVISÃO

Crítica

"Gabbeh" expõe retratos sensíveis

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

Se há um cineasta que alterna altos e baixos, esse é Mohsen Makhmalbaf. Ele é capaz de baixezas meramente comerciais, como "O Caminho de Kandahar", crítica óbvia aos clérigos radicais que forçam mulheres a usar a burca etc.
Mas Mohsen também pode fazer "Gabbeh" (Futura, 22h, não indicado para menores de 12 anos).
A trama, se é que existe, diz respeito a uma jovem que, impedida de encontrar seu amado, sublima a paixão tecendo sua história com fios e criando um tapete.
E daí viria a fama dos gabbeh, tapetes que trazem inscritas não meramente histórias, mas a história daquele que a tece, isto é: cada tapete contém uma existência. Ou ainda: para chegar à composição de um belo tapete é preciso depositar nele o melhor de sua existência.
Isso vale, é claro, para um filme ou um romance, para toda obra de arte, enfim, e daí vem a beleza do filme: toda arte começa por uma impossibilidade, amorosa ou não. Trata-se de um desvio de objetivo, de uma frustração que vai, ao final, produzir encantamento.
Metáfora da obra de arte, "Gabbeh" busca com delicadeza mostrar as pessoas e o lugar onde se produzem esses retratos tão sensíveis da vida.
Algo que está além, muito, das contingências da política no Oriente Médio, no Irã em particular, que produz morte onde as pessoas sinalizam vida com muita intensidade.


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