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VÍDEO - LANÇAMENTOS
Sem dar sinal de vida nas salas de cinema, chegam direto às locadoras dois filmes: um que causou furor no Reino Unido e outro que reúne grandes atrizes
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"TERRAS PERDIDAS"
Dispersão esvazia drama sobre incesto
JOÃO LEIVA FILHO
Editor-adjunto de Especiais
"Terras Perdidas" mostra a desagregação de uma bem-sucedida família de fazendeiros americanos.
Depois de três gerações na propriedade, o pai (Jason Robards),
viúvo, velho e preocupado com os
impostos, resolve transferir a terra
para as filhas -Ginny (Jessica
Lange), Rose (Michelle Pfeiffer) e
Caroline (Jennifer Jason Leigh).
A dúvida da caçula (Caroline) sobre a conveniência da operação revolta o pai, que a exclui do processo. Advogada, é a única que não vive na fazenda e que não se casou.
A vida das outras patina. Ginny
não consegue ter filhos. Rose tem
duas meninas e câncer. A doença
levou um de seus seios, fato que
seu marido não aceita. Jess, filho
de outro fazendeiro, retorna à terra e desperta a atenção das duas.
Aberto esse excessivo leque de
opções,o filme não consegue fechá-lo. Passa de um tema a outro
sem dar consistência a nenhum,
mudando o tempo todo de rumo.
Assim, descobrimos que o pai
bebe e obriga as filhas a socorrê-lo.
Essa deixa, bem fraca, revolta as
duas. Mas aí somos informados de
que elas eram abusadas sexualmente na adolescência, daí a ira.
Quem acha que depois dessa já sabe de toda a história se engana.
Ainda vem muita confusão.
Ginny conduz a narrativa. Sua
voz em "off", redundante, abre e
fecha o filme. Ela é a base para as
transições de cena. E é ela que o
impacto dos acontecimentos deve
transformar. Mas nem isso ajuda.
A dispersão torna inconsistentes
os personagens (como o pai, Caroline e o marido de Ginny) e as situações (temas polêmicos e ousados como o incesto viram farinha).
Com isso, Jessica não consegue
amadurecer sua personagem. Não
por falha sua, mas por contracenar
com tipos sem densidade. Michelle, mais focada e sem a missão
condutora, se destaca. Mesmo com
uma personagem mais plana, que
segue inalterada do começo ao fim.
A atriz protagoniza os poucos bons
momentos do filme. Na cena em
que ela e Ginny bebem à noite, está
quase perfeita. Seu corpo e rosto
gesticulam com expressão, conseguindo união total com o diálogo.
Como a diretora Jocelyn Moorhouse foi afastada da edição final,
fica difícil atribuir a ela todos os
problemas. Mas parece claro que
sua tragédia não escaparia da total
ausência de foco. Se o filme deixasse as irmãs se entenderem com o
pai, sem intermediários, a história
poderia ter sido diferente.
Avaliação:
Título original: A Thousand Acres
Diretor: Jocelyn Moorhouse
Produção: EUA, 1997, 106 min
Com: Jessica Lange e Michelle Pfeiffer
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