São Paulo, quarta-feira, 31 de julho de 2002

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MÚSICA

Álbum do Soulfly lançado agora no Brasil aposta no velho metal, e erra

Sozinho, Cavalera repete o mantra

DIEGO ASSIS
DA REDAÇÃO

"Soulfly", o disco, fez história. Os dois anos de silêncio forçado de Max Cavalera, depois de brigar com sua antiga banda, resultaram em 18 petardos que soavam então como... "música" para os órfãos do Sepultura. "Primitive", o segundo do Soulfly, dividiu opiniões: uns gostaram, outros criticaram o caminho fácil do nü-metal que o grupo parecia ter tomado. Mas "3", lançado agora no Brasil, não deixa dúvidas: o metal está mesmo mal das pernas.
Mistura de "Chaos A.D." (94) e "Roots" (97), dos tempos de Sepultura, com "Nailbomb", projeto hardcore de Max com os músicos do extinto Fudge Tunnel, este "3" seria um achado, não fosse a incômoda sensação de que cada riff de guitarra, cada refrão já foi gravado (e muito bem) pelo próprio em algum ponto de sua carreira. Faça o teste em faixas como "Enter Faith" e "Call to Arms".
Max se defende: "Quis fazer algo mais pessoal, com a cara do Soulfly. Não quero ser identificado com o nü-metal só porque fiz uns trabalhos com o Deftones ou com o Slipknot". Para tanto, o músico dispensou o engenheiro Andy Wallace e o produtor Ross Robinson, com quem havia feito a estréia do Soulfly, e trouxe de volta o baterista Roy Mayorga, o baixista Marcelo Dias e o guitarrista Mike Doling. "Os moleques dão uma força, mas o Soulfly sempre foi um projeto meu", afirma.
Para quem ainda espera a volta do vocalista ao Sepultura, o recado é claro: Max está em outra. Tem Gloria, mulher e empresária; filhos, Zyon e Igor, que cantam na introdução da faixa "One Nation" (cover do Sacred Reich); e, pior, escuta cada vez menos rock: "Tenho ouvido Paul Simon, Dead Can Dance e umas coisas mais world music. É para não ficar soando igual a todas as outras bandas de metal".
E aí é que entra "Tree of Pain", talvez a mais surpreendente faixa do disco. Silenciosa, abre com a voz aveludada da cantora gospel Asha Rabouin -que gravara "Fly High", em "Primitive"- para alternar com a gritaria e o hardcore veloz de Max e, por fim, acomodar ainda o hip hop juvenil de seu enteado Ritchie. "Costumo dizer que é a nossa "Bohemian Rhapsody'", brinca Max.
E o seu irmão, Max, vocês voltaram a se falar? "Fico sabendo dele pela minha mãe. Da minha parte, nossa briga foi superada." Reze.


"3"   
Artista: Soulfly
Lançamento: Sum Records
Quanto: R$ 25, em média




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