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MÚSICA
Álbum do Soulfly lançado agora no Brasil aposta no velho metal, e erra
Sozinho, Cavalera repete o mantra
DIEGO ASSIS
DA REDAÇÃO
"Soulfly", o disco, fez história.
Os dois anos de silêncio forçado
de Max Cavalera, depois de brigar
com sua antiga banda, resultaram
em 18 petardos que soavam então
como... "música" para os órfãos
do Sepultura. "Primitive", o segundo do Soulfly, dividiu opiniões: uns gostaram, outros criticaram o caminho fácil do nü-metal que o grupo parecia ter tomado. Mas "3", lançado agora no
Brasil, não deixa dúvidas: o metal
está mesmo mal das pernas.
Mistura de "Chaos A.D." (94) e
"Roots" (97), dos tempos de Sepultura, com "Nailbomb", projeto hardcore de Max com os músicos do extinto Fudge Tunnel, este
"3" seria um achado, não fosse a
incômoda sensação de que cada
riff de guitarra, cada refrão já foi
gravado (e muito bem) pelo próprio em algum ponto de sua carreira. Faça o teste em faixas como
"Enter Faith" e "Call to Arms".
Max se defende: "Quis fazer algo mais pessoal, com a cara do
Soulfly. Não quero ser identificado com o nü-metal só porque fiz
uns trabalhos com o Deftones ou
com o Slipknot". Para tanto, o
músico dispensou o engenheiro
Andy Wallace e o produtor Ross
Robinson, com quem havia feito a
estréia do Soulfly, e trouxe de volta o baterista Roy Mayorga, o baixista Marcelo Dias e o guitarrista
Mike Doling. "Os moleques dão
uma força, mas o Soulfly sempre
foi um projeto meu", afirma.
Para quem ainda espera a volta
do vocalista ao Sepultura, o recado é claro: Max está em outra.
Tem Gloria, mulher e empresária;
filhos, Zyon e Igor, que cantam na
introdução da faixa "One Nation"
(cover do Sacred Reich); e, pior,
escuta cada vez menos rock: "Tenho ouvido Paul Simon, Dead
Can Dance e umas coisas mais
world music. É para não ficar
soando igual a todas as outras
bandas de metal".
E aí é que entra "Tree of Pain",
talvez a mais surpreendente faixa
do disco. Silenciosa, abre com a
voz aveludada da cantora gospel
Asha Rabouin -que gravara "Fly
High", em "Primitive"- para alternar com a gritaria e o hardcore
veloz de Max e, por fim, acomodar ainda o hip hop juvenil de seu
enteado Ritchie. "Costumo dizer
que é a nossa "Bohemian Rhapsody'", brinca Max.
E o seu irmão, Max, vocês voltaram a se falar? "Fico sabendo dele
pela minha mãe. Da minha parte,
nossa briga foi superada." Reze.
"3"
Artista: Soulfly
Lançamento: Sum Records
Quanto: R$ 25, em média
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