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TEATRO/DANÇA
Em temporada popular, atriz reapresenta os solos "Calendário da Pedra" (2001) e "Vozes Dissonantes" (2000)
Stoklos folheia as camadas de seu teatro essencial
KATIA CALSAVARA
DA REDAÇÃO
Ela não precisa de nada além de
seu corpo e de sua voz para fazer
um senhor espetáculo. Conhecida
no Brasil e no mundo pela verve
rasgada, política e ao mesmo tempo sensível de seus solos, Denise
Stoklos, 53, volta a São Paulo, em
temporada popular, com encenações de "Calendário da Pedra" e
"Vozes Dissonantes".
Método idealizado por ela em
1979, no teatro essencial o ator
trabalha os elementos próprios de
sua estrutura sem precisar de parafernálias cênicas ou mesmo de
um diretor. "É o ator quem escolhe o texto e dirige a si mesmo",
diz a atriz. E não se trata de um
texto qualquer. O "performer essencial" reflete suas indagações
ontológicas e quer que isso reverbere no público.
"O ator é um instrumento captador de emoções e temas. Ele deseja que o espectador revigore
seus sentimentos e saia mais forte
quando se levantar da platéia",
afirma Stoklos, de Nova York, onde acaba de encerrar temporada.
Em "Calendário da Pedra"
(2001), a atriz se inspirou no poema "Book of Anniversary", da
americana Gertrude Stein (1874-1946), para escrever, dirigir, encenar e dançar os anseios diários de
sua personagem. "Eu utilizo a estrutura de calendário de Stein,
que narra os acontecimentos de
um ano inteiro em sua obra."
Nascida em Irati, no interior do
Paraná, Stoklos frequentava o teatro desde pequena. Cresceu admirando as "mambembezices" de
Grande Otelo e Oscarito. "Eles
não vieram da elite e faziam uma
arte que questionava o sistema."
Também amante do circo, diz que
"os palhaços discutem a insuficiência humana e nos dão a chance de rirmos de nós mesmos".
Não só os seus questionamentos como também os da história
brasileira serviram de base para
"Vozes Dissonantes" (2000), concebido na ocasião das comemorações de 500 anos do Brasil. "Aquilo não passou de uma invasão,
não teve nada de descoberta."
A mescla de expressão corporal
e teatro rendeu a Stoklos projeção
internacional. Motivo de teses
acadêmicas em todo o mundo, ela
acaba de voltar da Itália, onde realizou workshops. "Quando encontro um tema e imagino que
muita gente está pensando nele,
tenho certeza de que vale a pena.
O teatro essencial pode ser lido
em diversas camadas, divertidas
ou não, e cabe ao público interpretá-lo à sua maneira."
CALENDÁRIO DA PEDRA E VOZES
DISSONANTES. Temporada popular de
solos de Denise Stoklos. Quando: de 1º/8
a 28/9. Onde: teatro João Caetano (r.
Borges Lagoa, 650, tel. 0/xx/11/5549-1744). De ter. a qui., às 21h ("Vozes
Dissonantes"); sex. e sáb., às 21h; dom.,
às 19h ("Calendário da Pedra"). Quanto:
de R$ 5 a R$ 10.
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