São Paulo, sexta-feira, 31 de agosto de 2001

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MÚSICA

Festival inglês teve shows para todos os gostos e estrutura decepcionante

Reading reúne tudo ao mesmo tempo agora

ROGÉRIO SIMÕES
FREE-LANCE PARA A FOLHA, DE READING

Não faltou nada no Festival de Reading (Inglaterra) de 2001, que aconteceu no último fim de semana. No primeiro dia, houve sol, céu estrelado e o som mágico da banda Travis. No último, chuva e o som raivoso de Marilyn Manson e Eminem.
Em meio a tudo isso, um fato inquestionável: com uma infra-estrutura decepcionante, o festival inglês mantém sua fama de ser um dos maiores do mundo por causa de suas atrações -o que, no fundo, é o que importa.
O festival teve dois dos astros mais polêmicos da atualidade, Manson e Eminem, as duas maiores bandas do momento na Grã-Bretanha, Travis e Manic Street Preachers, e o grupo mais falado da cena "underground", o The Strokes. O suficiente para garantir ávidas 50 mil pessoas em cada um dos seus três dias de shows.
Para complicar a vida da organização, o semanário "New Musical Express", que está em campanha para fazer do The Strokes o novo Nirvana, disse que o quinteto americano era a única coisa imperdível de Reading. Fez então uma campanha para que o grupo fosse transferido de uma tenda para 8.000 pessoas para o palco principal, e a organização cedeu.
Pior para a banda e para o público: num palco menor eles estariam menos intimidados e se sairiam bem melhor. O grupo de Nova York subiu ao Main Stage por volta das 16h de sexta e fez um show honesto. Boas músicas, o espírito "Lou Reed" do grupo é atraente, e a platéia parece ter gostado. Mas nada além disso.
Logo depois dos Strokes, veio um senhor com muito mais energia do que a garotada que o antecedeu. Iggy Pop, aos 54 anos, pulou sem parar e soltou a garganta, eletrizando o palco com músicas de várias fases de sua carreira.
Pouco depois, um show deixaria exposto um dos maiores problemas do festival: o som. O punkpop americano do Green Day precisa de som alto. Mas, enquanto os músicos faziam uma ótima apresentação, o som da banda se perdia em meio ao vento. Foi apenas mais um problema de organização, entre os quais estiveram a caótica sinalização e a crônica falta de espaço.
Os escoceses do Travis fecharam a noite de sexta-feira com um dos melhores shows do festival. A banda provou estar de bem com a vida, soltando logo de início o sucesso "Sing", seguido por "Why Does It Always Rain on Me" e a belíssima "Turn".
Enquanto Supergrass e Manic Street Preachers mantiveram seus históricos de ótimos shows. Nas duas pequenas tendas do festival, foi possível ver boas promessas, como as bandas Lift to Experience e Cosmic Rough Riders, e algumas enganações, como Elbow. A metida a engraçadinha, mas de pouca graça, Moldy Peaches arrancou muitos risos da platéia.
A chuva e a apresentação conjunta de Marilyn Manson e Eminem, no último dia, fecharam um fim de semana de estrelas, tribos, gostos e humores variados.


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