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MÚSICA
Festival inglês teve shows para todos os gostos e estrutura decepcionante
Reading reúne tudo ao mesmo tempo agora
ROGÉRIO SIMÕES
FREE-LANCE PARA A FOLHA, DE READING
Não faltou nada no Festival de
Reading (Inglaterra) de 2001, que
aconteceu no último fim de semana. No primeiro dia, houve sol,
céu estrelado e o som mágico da
banda Travis. No último, chuva e
o som raivoso de Marilyn Manson e Eminem.
Em meio a tudo isso, um fato inquestionável: com uma infra-estrutura decepcionante, o festival
inglês mantém sua fama de ser
um dos maiores do mundo por
causa de suas atrações -o que,
no fundo, é o que importa.
O festival teve dois dos astros
mais polêmicos da atualidade,
Manson e Eminem, as duas maiores bandas do momento na Grã-Bretanha, Travis e Manic Street
Preachers, e o grupo mais falado
da cena "underground", o The
Strokes. O suficiente para garantir
ávidas 50 mil pessoas em cada um
dos seus três dias de shows.
Para complicar a vida da organização, o semanário "New Musical Express", que está em campanha para fazer do The Strokes o
novo Nirvana, disse que o quinteto americano era a única coisa imperdível de Reading. Fez então
uma campanha para que o grupo
fosse transferido de uma tenda
para 8.000 pessoas para o palco
principal, e a organização cedeu.
Pior para a banda e para o público: num palco menor eles estariam menos intimidados e se sairiam bem melhor. O grupo de
Nova York subiu ao Main Stage
por volta das 16h de sexta e fez um
show honesto. Boas músicas, o espírito "Lou Reed" do grupo é
atraente, e a platéia parece ter gostado. Mas nada além disso.
Logo depois dos Strokes, veio
um senhor com muito mais energia do que a garotada que o antecedeu. Iggy Pop, aos 54 anos, pulou sem parar e soltou a garganta,
eletrizando o palco com músicas
de várias fases de sua carreira.
Pouco depois, um show deixaria exposto um dos maiores problemas do festival: o som. O
punkpop americano do Green
Day precisa de som alto. Mas, enquanto os músicos faziam uma
ótima apresentação, o som da
banda se perdia em meio ao vento. Foi apenas mais um problema
de organização, entre os quais estiveram a caótica sinalização e a
crônica falta de espaço.
Os escoceses do Travis fecharam a noite de sexta-feira com um
dos melhores shows do festival. A
banda provou estar de bem com a
vida, soltando logo de início o sucesso "Sing", seguido por "Why
Does It Always Rain on Me" e a
belíssima "Turn".
Enquanto Supergrass e Manic
Street Preachers mantiveram seus
históricos de ótimos shows. Nas
duas pequenas tendas do festival,
foi possível ver boas promessas,
como as bandas Lift to Experience
e Cosmic Rough Riders, e algumas enganações, como Elbow. A
metida a engraçadinha, mas de
pouca graça, Moldy Peaches arrancou muitos risos da platéia.
A chuva e a apresentação conjunta de Marilyn Manson e Eminem, no último dia, fecharam um
fim de semana de estrelas, tribos,
gostos e humores variados.
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