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EXPOSIÇÃO
Mostra traz 50 obras de 12 artistas brasileiros
Modernistas causam excitação na Estação Pinacoteca, em São Paulo
FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL
É usual um clima de euforia antes da abertura de qualquer exposição, mas há uma empolgação
além da usual, para "Mestres do
Modernismo", que é inaugurada,
hoje, para convidados, na Estação
Pinacoteca.
Há três motivos para tal animação: a mostra concretiza o comodato, por cinco anos renováveis,
de 200 obras do acervo da Fundação José e Paulina Nemirovsky,
que reúne algumas das mais expressivas obras do modernismo
brasileiro, como "Antropofagia"
(1929), de Tarsila do Amaral, e
que também foi disputado pelo
Museu de Arte Moderna de São
Paulo (MAM).
Em segundo lugar, "Mestres do
Modernismo" retrata a primeira
fase do modernismo brasileiro,
dos anos 20 e 30, numa exposição
de longa duração (vai ficar um
ano em cartaz), dando acesso a
um conjunto didático, que nenhum museu brasileiro tem capacidade de apresentar, o que reafirma a Pinacoteca como principal
instituição museológica do país.
Finalmente, com a exposição, os
quatro andares da nova filial da
Pinacoteca são ocupados praticamente por inteiro, faltando apenas o gabinete de gravura, que será aberto no próximo dia 8. A exposição ganha ainda em significado na simultaneidade com "Encontros com o Modernismo", do
acervo do Museu Stedelijk, da
Holanda.
"Apresentamos aqui um panorama único, que demonstra a diversidade da produção dos modernistas brasileiros, com obras
de grande qualidade, reunidas
principalmente a partir da coleção Nemirovsky, mas também
com obras do acervo do Estado",
afirma Marcelo Araújo, diretor da
Pinacoteca.
O melhor exemplo é Tarsila do
Amaral (1886-1973). A artista
comparece com cinco obras, de
todas as fases pelas quais passou.
Entre as mais significativas estão:
"Antropofagia", realizada em sintonia com o "Manifesto Antropófago", publicado em 1928, de Oswald de Andrade, é a obra mais
valiosa da exposição e representa
a fase antropofágica da artista;
"Carnaval em Madureira" (1924),
da fase pau-brasil, que tratou de
questões da identidade do país, e
também pertence à coleção Nemirovsky; e "Operários" (1933),
da fase social, do acervo do Governo do Estado.
A excelência da mostra tem por
base a coleção criada pelo médico
José Nemirovsky (1914-1987), artista, que, nos anos 60, comprou
parte de suas obras, quando os
preços de modernistas eram ainda acessíveis. Estima-se, por
exemplo, em mais de US$ 1,5 milhão o valor de "Antropofagia",
hoje.
"Tudo que o dr. Nemirovsky
comprou é importante. Não se
trata de uma coleção de quantidade, mas de qualidade. Por isso, a
mostra não tem um efeito fugaz,
ela é o sonho de todos que gostamos da arte brasileira", conta Maria Alice Milliet, curadora da exposição e da Fundação Nemirovsky.
A mostra apresenta, em média,
três obras de cada um dos 12 artistas selecionados. Estão lá trabalhos de Anita Malfatti, Victor Brecheret e Lasar Segall, além de "artistas que não se enquadram no
modernismo nacionalista da primeira fase", segundo Araújo, como Ismael Nery, Flávio de Carvalho e Vicente do Rego Monteiro.
A orientação didática é outra
marca: há uma linha do tempo
com os principais fatos dos anos
20 e 30, vídeos com documentários de época, e maquetes de edifícios projetados por Gregori Warchavchik e Flávio de Carvalho.
Casa Guilherme de Almeida
Das 50 obras apresentadas na
Pinacoteca, quatro pertencem ao
acervo da Casa Guilherme de Almeida, um museu público pouco
conhecido, que serviu de residência ao poeta, jornalista e estimulador da arte moderna, que dá nome à instituição.
Localizada no bairro do Pacaembu (r. Macapá, 187, tel. 0/xx/
11/3673-1883), a casa espelha o espírito das contradições entre modernistas brasileiros do início do
século 20: móveis dos séculos 18 e
19 convivem com as paredes forradas de obras de Di Cavalcanti,
Tarsila do Amaral, Lasar Segall, e
outros amigos de Guilherme de
Almeida (1890-1969), um dos organizadores da Semana de Arte
Moderna, em 1922.
A visitação é gratuita, mas precisa ser agendada por telefone,
pois a casa tem capacidade de receber apenas cinco visitantes por
vez, já que é mantida exatamente
na forma que o "príncipe dos poetas brasileiros" (título ganho em
1959) mantinha, entre 1946 e 1969.
MESTRES DO MODERNISMO. Mostra
com 50 obras de 12 artistas da primeira
fase do modernismo brasileiro, a partir
da coleção da Fundação Nemirovsky e
acervos do Estado. Curadoria: Maria Alice
Milliet. Quando: abertura hoje, 19h30
(para convidados); de ter. a dom., das
10h às 18h. Até 3/10. Onde: Estação
Pinacoteca (largo General Osório, 66,
Luz, SP, tel. 0/xx/11/222-8968). Quanto:
R$ 4 (sáb, gratuito). Patrocínio:
Telefonica.
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