São Paulo, sexta-feira, 31 de agosto de 2007

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Música

Lançamentos mostram a resistência do reggae

Ponto de Equilíbrio e Andrew Tosh dão prova da perenidade do ritmo no país

Banda carioca, sucesso independente, lança disco por grande gravadora; filho de Peter Tosh gravou CD e DVD ao vivo em Salvador

MARCO AURÉLIO CANÔNICO
DA REPORTAGEM LOCAL

Se o samba agoniza, mas não morre, como dizia Nelson Sargento, o reggae nem chega a agonizar: mesmo quando seus sinais de fumaça não são percebidos pelas mídias tradicionais, um vasto continente de reggaeiros mantém o ritmo em boa forma no país.
Exemplo disso são os cariocas do Ponto de Equilíbrio, que venderam 50 mil cópias de seu primeiro disco, independente, e criaram um fã-clube numeroso, que chega a juntar 30 mil pessoas em shows.
O sucesso do octeto, formado em 1999 no bairro carioca de Vila Isabel, levou a Warner a contratá-los e lançar o segundo disco do grupo, "Abre a Janela".
"Começamos tocando no circuito underground do Rio, muitas vezes nós mesmos organizávamos o evento", explica o guitarrista Ras André. "Aí entramos no circuito de reggae do país e, com o crescimento da internet, as pessoas foram procurando nossas músicas na rede." Com o amparo da gravadora, melhoraram sua distribuição e abriram as portas das rádios e TVs, levando sua mistura sonora a um público mais amplo.
"Fazemos um reggae de raiz, mas com influência de dub, salsa e, até por sermos de Vila Isabel, do samba." Entre seus integrantes está Marcelo Campos (percussão), filho do célebre sambista Gracia do Salgueiro, que é homenageado com a regravação de "Janela da Favela", de onde saiu o título do álbum.

Visitante estrangeiro
A cena reggaeira do país também atrai artistas internacionais, muitas vezes já no ocaso de suas carreiras no resto do mundo.
Um que ainda está produzindo (seu próximo álbum inédito está em fase de mixagem) e mantém ligação com o Brasil é Andrew Tosh, filho do lendário Peter, que está lançando um tributo em homenagem a seu pai, assassinado há 20 anos.
Tosh filho, que vem regularmente ao país desde 1991, gravou o CD e DVD em Salvador, há um ano, e está de volta ao Brasil desde julho para promovê-lo -faz um pocket show gratuito na Fnac Paulista (av. Paulista, 901, São Paulo, tel. 0/xx/11/2123-2000) hoje, às 19h.
"O que me surpreende nos fãs brasileiros de reggae é que, mesmo com as letras em inglês, eles adoram a música e a mensagem", disse à Folha, por telefone, em São Paulo. "A mensagem", que Tosh faz questão de enfatizar, está bem caracterizada nas músicas de seu pai presentes no tributo, como "Equal Rights", "Get Up Stand Up" (a clássica parceria com Marley) e "Legalize It".
Ele lembra que Peter Tosh também tinha apreço pelo Brasil, e que fez sucesso quando passou pelo país. "Meu pai esteve por aqui em 1981, até participou de uma novela ["Água Viva", da Globo]. Eu tenho o vídeo até hoje, ele adorava os brasileiros."
Em suas temporadas brasileiras, Andrew Tosh se familiarizou com a cena reggaeira local. "Adoro o Natiruts, Gilberto Gil e Mato Seco."


TRIBUTO A PETER TOSH
Artista:
Andrew Tosh
Lançamento: Atração
Quanto: R$ 25 (CD) e R$ 48 (DVD), em média

ABRE A JANELA
Artista:
Ponto de Equilíbrio
Lançamento: Warner
Quanto: R$ 25, em média


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