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Música
Lançamentos mostram a resistência do reggae
Ponto de Equilíbrio e Andrew Tosh dão prova da perenidade do ritmo no país
Banda carioca, sucesso independente, lança disco por grande gravadora; filho de Peter Tosh gravou CD e DVD ao vivo em Salvador
MARCO AURÉLIO CANÔNICO
DA REPORTAGEM LOCAL
Se o samba agoniza, mas não
morre, como dizia Nelson Sargento, o reggae nem chega a
agonizar: mesmo quando seus
sinais de fumaça não são percebidos pelas mídias tradicionais,
um vasto continente de reggaeiros mantém o ritmo em
boa forma no país.
Exemplo disso são os cariocas do Ponto de Equilíbrio, que
venderam 50 mil cópias de seu
primeiro disco, independente,
e criaram um fã-clube numeroso, que chega a juntar 30 mil
pessoas em shows.
O sucesso do octeto, formado
em 1999 no bairro carioca de
Vila Isabel, levou a Warner a
contratá-los e lançar o segundo
disco do grupo, "Abre a Janela".
"Começamos tocando no circuito underground do Rio,
muitas vezes nós mesmos organizávamos o evento", explica o
guitarrista Ras André. "Aí entramos no circuito de reggae do
país e, com o crescimento da internet, as pessoas foram procurando nossas músicas na rede."
Com o amparo da gravadora,
melhoraram sua distribuição e
abriram as portas das rádios e
TVs, levando sua mistura sonora a um público mais amplo.
"Fazemos um reggae de raiz,
mas com influência de dub, salsa e, até por sermos de Vila Isabel, do samba."
Entre seus integrantes está
Marcelo Campos (percussão),
filho do célebre sambista Gracia do Salgueiro, que é homenageado com a regravação de "Janela da Favela", de onde saiu o
título do álbum.
Visitante estrangeiro
A cena reggaeira do país também atrai artistas internacionais, muitas vezes já no ocaso
de suas carreiras no resto do
mundo.
Um que ainda está produzindo (seu próximo álbum inédito
está em fase de mixagem) e
mantém ligação com o Brasil é
Andrew Tosh, filho do lendário
Peter, que está lançando um
tributo em homenagem a seu
pai, assassinado há 20 anos.
Tosh filho, que vem regularmente ao país desde 1991, gravou o CD e DVD em Salvador,
há um ano, e está de volta ao
Brasil desde julho para promovê-lo -faz um pocket show gratuito na Fnac Paulista (av. Paulista, 901, São Paulo, tel. 0/xx/11/2123-2000) hoje, às 19h.
"O que me surpreende nos
fãs brasileiros de reggae é que,
mesmo com as letras em inglês,
eles adoram a música e a mensagem", disse à Folha, por telefone, em São Paulo.
"A mensagem", que Tosh faz
questão de enfatizar, está bem
caracterizada nas músicas de
seu pai presentes no tributo,
como "Equal Rights", "Get Up
Stand Up" (a clássica parceria
com Marley) e "Legalize It".
Ele lembra que Peter Tosh
também tinha apreço pelo Brasil, e que fez sucesso quando
passou pelo país.
"Meu pai esteve por aqui em
1981, até participou de uma novela ["Água Viva", da Globo]. Eu
tenho o vídeo até hoje, ele adorava os brasileiros."
Em suas temporadas brasileiras, Andrew Tosh se familiarizou com a cena reggaeira local. "Adoro o Natiruts, Gilberto
Gil e Mato Seco."
TRIBUTO A PETER TOSH
Artista: Andrew Tosh
Lançamento: Atração
Quanto: R$ 25 (CD) e R$ 48 (DVD), em média
ABRE A JANELA
Artista: Ponto de Equilíbrio
Lançamento: Warner
Quanto: R$ 25, em média
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