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Prefuse 73 mostra hip hop "reflexivo"
Produtor norte-americano Guillermo Scott Herren se apresenta em São Paulo e Recife com seu projeto e prepara álbum duplo
Em seus trabalhos, produtor, que é fã de música brasileira, usa influências de jazz, rap e rock, em sons sampleados e "orgânicos"
ADRIANA FERREIRA SILVA
EDITORA DO GUIA DA FOLHA
Onde começa e termina o
jazz, o rap ou o rock. Nos trabalhos do produtor norte-americano Guillermo Scott Herren é
impossível determinar -e, em
tempos como os nossos, isso
também não tem lá muita importância. Suas músicas são colagens precisas de sons sampleados e "orgânicos", que, ao
vivo, instigam e impressionam,
como o fez com seu projeto
mais famoso, o Prefuse 73, numa apresentação memorável
na primeira (e única) edição
paulistana do festival espanhol
Sónar, em 2004.
Como a maioria dos gringos
que tocam aqui, Herren também se encantou pelo público
brasileiro, "num dos melhores
shows de sua vida", e volta ao
país para performances em São
Paulo (13/9) e Recife (14/9),
onde ele é atração do festival
No Ar Coquetel Molotov.
Além da platéia, Herren também diz ser um empolgado fã
da música brasileira. "Gosto de
tudo. Da velha psicodelia até o
que os mais jovens estão fazendo agora", diz à Folha.
Sintético
Prefuse 73, que ele caracteriza como um "hip hop reflexivo", é o trabalho mais conhecido de Herren, com o qual o produtor conquistou a crítica musical e se tornou habitué de festivais no mundo todo. O principal motivo disso é a apurada
produção, que leva ao extremo
a técnica de recorte e colagem
desenvolvida por artistas que
são referência para ele, como o
americano DJ Shadow.
"Comecei a tocar instrumentos "orgânicos" quando ainda
era criança", lembra. "Mas, no
início dos anos 90, passei a trabalhar com máquinas, nas primeiras produções de "Dirty
South" hip hop em Atlanta,
criando "beats" para vários grupos. Por isso, muito do Prefuse
tem como base as máquinas."
O nome, segundo Herren,
vem do termo "pre-fusion", ou
o jazz feito por músicos como
Alice Coltrane ou Pharoah Sanders, entre 1968 e 1973. Por isso
é que, apesar de Prefuse ser seu
codinome mais ligado ao rap,
há muito da improvisação do
jazz e do pós-rock.
Muitas faces
Mas Scott Herren tem muitas outras personalidades, além
de dezenas de parcerias (leia no
quadro ao lado). Ele lançou seu
primeiro disco, "Sleep Method
Suite", em 1997, assinado como
Delarosa & Asora, persona que
também abusa das técnicas de
estúdio, para logo em seguida
mostrar sua habilidade com os
instrumentos no latino Savath
& Savalas -alcunha sob a qual
fez o terceiro disco neste ano,
"Golden Pollen", onde também
estreou como cantor.
Depois de uma breve pausa
nas produções como Prefuse,
cujo CD mais recente é de
2006, Herren lança em outubro "Preparations", álbum duplo que terá um disco de
"beats" e outro, "Ensemble", do
que ele chama de "música clássica moderna". "Passei o ano
todo ouvindo trilhas sonoras e
compositores mais do que
qualquer outra coisa. Realmente não sei como descrever o segundo CD."
Os shows do Brasil, que ele
faz acompanhado pelos parceiros Marcus Evans e Rasheed,
terão como base os sons de Prefuse, além de muita improvisação. "Tocar ao vivo é improvisar", fala Herren. "Quando esse
elemento está excluído, não há
empolgação. Sem improvisação não há conexão emocional
para tocar noite após noite."
PREFUSE 73
Quando: dia 13, às 21h (SP), e 14/9,
às 20h (PE)
Onde: Sesc Pompéia (r. Clélia, 93,
Lapa, tel. 0/xx/11/3871-7700);
Centro de Convenções da UFPE (Cidade Universitária, Recife)
Quanto: R$ 8 a R$ 20 (SP) e R$ 10 e
R$ 20 (PE)
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