São Paulo, quarta-feira, 31 de agosto de 2011

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CRÍTICA MPB

Pélico e Momo disfarçam melancolia em novos CDs

MARCUS PRETO
DE SÃO PAULO

A voz, o violão e as canções. É a tríade mais básica da nossa música popular que fundamenta dois bons álbuns que chegam agora às lojas.
Em "Que Isso Fique entre Nós", terceiro trabalho do paulista Pélico, o violão ecoa no cerne da composição mesmo quando não é o elemento principal nos arranjos.
Nos melhores achados desse tipo, o instrumento aparece mais como ornamento do que como base -o que ajuda a esconder um tanto da tristeza natural das canções.
Caso exemplar desse método é a faixa de abertura, "Ainda É Tempo de Chorar", em que clarinete e fagote fazem a base harmônica e o violão só enfeita a melodia. É tudo muito triste, mas a gente quase nem percebe.
Mesmo nas faixas mais "dançantes", como o reggae "Vamo Tentá", a alegria é de mentira. Nesse sentido, lembra alguns momentos de Itamar Assumpção e Rita Lee, dois campeões em jogar a melancolia pra baixo do tapete.
Mais explicitamente melancólico, "Serenade of a Sailor", terceiro álbum do carioca Momo -codinome de Marcelo Frota- apresenta sempre o violão em primeiro plano. É a dor mais exposta, com quase nada de maquiagem.
A voz nua do cantor só ressalta esse aspecto das letras do autor: versos de despedida, como "Vou enterrar os ossos e assoprar as cinzas".
Mas Momo também tem seus truques para evitar o derramamento de sangue em público. Verte algumas letras para o inglês -a tristeza em outra língua é sempre mais distante, é menos nossa.
Assim, os trabalhos ganham várias camadas. É muito mais do que ser feliz, é muito mais do que chorar.

QUE ISSO FIQUE ENTRE NÓS
ARTISTA Pélico
LANÇAMENTO YB Music
QUANTO R$ 22; download gratuito no site www.pelico.com.br
AVALIAÇÃO bom

SERENADE OF A SAILOR
ARTISTA Momo
LANÇAMENTO Pimba
QUANTO R$ 24, em média
AVALIAÇÃO bom


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