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"FREDDY X JASON"
Rivais esticam existências sem comover
Divulgação
![](../images/i3110200303.jpg) |
Os vilões Freddy Krueger (Robert Englund) e Jason Voorhees (Ken Kirzinger) no filme de Ronny Yu |
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Vale tudo: para reencontrar
seu poder, Freddy Krueger
convoca Jason no inferno, a fim
de que ele pratique um crime em
Elm Street, para que os adolescentes pensem que o autor do crime é
o próprio Freddy e voltem a ter
medo. Com isso, ele poderá reencontrar sua força e voltar à ativa.
Ainda que um tanto defasado, o
lance faz sentido, pois trata-se de
pôr lado a lado, ou frente a frente,
os dois monstros de maior sucesso do terror contemporâneo.
Os problemas, porém, são previsíveis, e existem. Jason, o matador de Crystal Lake, tem como alvo jovens razoavelmente limítrofes, que liquida sem piedade, num
horror baseado em sustos.
Freddy Krueger, de "A Hora do
Pesadelo" e mais seis sequências é
um personagem infinitamente
mais sofisticado. Age instalando-se nos sonhos, transformando-os
em pesadelos cruelmente reais.
Ou seja, Freddy convoca todo o
imaginário, subverte a ordem do
real, instaura-se no coração das
inseguranças de suas jovens vítimas (e assim todos somos suas vítimas). Ao menos dois filmes da
série são muito interessantes.
O que se esperava de Ronny Yu
-que já mostrou antes domínio
do fantástico- era que contornasse as limitações de Jason e as
pusesse no diapasão de Freddy.
Mas, como Jason ataca os cretinos e Freddy, os sensíveis, juntar
essas duas turmas não é simples.
De todo modo, é o imaginário tacanho de Jason que se impõe, à
custa de Freddy e de Yu.
O roteiro sugere um fio de fato
interessante, que Yu não puxou: o
mundo adolescente, ainda quando precário, é fundado na verdade e na descoberta; o dos adultos,
na ocultação e na mentira.
Basta lembrar que alguns dos
rapazes de "A Hora do Pesadelo"
estavam num hospício. A idéia
era que, isolando os traumatizados de aventuras pregressas, a população esqueceria Freddy Krueger e voltaria a dormir em paz.
Existe também o duelo dos rivais unidos para esticar suas existências perversas sem forçar a cabeça de ninguém. O duelo não comove -essa inimizade, é óbvio, é
puro marketing, como um namoro-relâmpago criado para sair nas
revistas de celebridades.
Freddy x Jason
Idem
Produção: EUA, 2003
Diretor: Ronny Yu
Com: Robert Englund, Ken Kirzinger
Quando: a partir de hoje nos cines
Anália Franco, West Plaza e circuito
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