São Paulo, sábado, 31 de outubro de 1998

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Livro defende que homem age como personagem de Shakespeare

MARCELO DIEGO
de Nova York

Um livro lançado nesta semana nos EUA defende a tese de que todo ser humano contemporâneo se comporta como personagem de uma peça de William Shakespeare.
A teoria é do professor Harold Bloom, defendida em "Shakespeare - The Invention of the Human" ("Shakespeare - A Invenção do Homem", em tradução livre).
O livro, de 745 páginas, é uma continuação do primeiro trabalho de Bloom, "The Western Canon". A proposta é provar que os sentimentos humanos são apenas cópias de situações descritas por Shakespeare em suas peças.
"Antes de Hamlet ensinar a não termos fé em nós mesmos, viver era muito fácil, mas menos interessante", diz.
Otelo, Macbeth, Cleópatra, Hamlet e outros personagens famosos do dramaturgo possuem vidas interiores tão complexas, segundo o autor, que servem de paradigma para qualquer situação.
O livro analisa as preocupações que supostamente nortearam o trabalho shakesperiano.
O autor diz que "Rei Lear" e "Macbeth" foram escritos numa época (1605-1606) em que o dramaturgo estava mais preocupado com conflitos íntimos.
Já "Henrique 8º" (1612-1613) mostra um Shakespeare cansado do que ele havia inventado, dos personagens que havia feito.
Para Harold Bloom, todos os movimentos filosóficos dos últimos séculos, como o existencialismo ou o niilismo (crença no nada), tiveram origem nos livros shakespearianos.
Bloom ganhou respeito no meio literário devido ao seu passado: ele é professor de inglês da Universidade de Nova York e de humanidades na Universidade de Yale.
É também um apaixonado pelo trabalho do inglês Shakespeare (1564-1616), um dos mais famosos dramaturgos de todos os tempos.



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