São Paulo, sábado, 31 de outubro de 1998

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Livro terá continuação, diz Helen Fielding

da Reportagem Local

O final feliz de Bridget Jones não vai durar muito. A escritora Helen Fielding já está providenciando novos problemas de relacionamento para sua heroína.
Eles estarão na continuação de "O Diário de Bridget Jones", como conta a autora, em entrevista à Folha, por telefone, da Inglaterra. A seguir, os principais trechos. (PD)

Folha - Como você apresentaria Bridget Jones ao leitor brasileiro?
Helen Fielding -
Ela é uma solteira de 30 e poucos anos, que mora em Londres. Bridget vive numa busca permanente pelo aperfeiçoamento pessoal. Está determinada a parar de fumar, diminuir o consumo de bebida alcoólica e perder peso. Bem, logo depois que terminar de descongelar um croissant de chocolate.
Folha - Ela é autobiográfica?
Fielding -
Não. Foi criada para uma coluna de jornal, quase como uma piada. Como se trata de uma pessoa fictícia escrevendo, isso permitiu que eu explorasse certas áreas para onde eu não iria se estivesse fazendo algo autobiográfico. Por meio de Bridget, eu pude ser bastante honesta com o jeito que as mulheres pensam e exagerar, criar situações cômicas. Isso permite a Bridget ter pensamentos que você, normalmente, não admite ter. Acho que talvez, apesar de ser exagerada, irônica, uma paródia, na raiz, há uma fundo de honestidade nela.
Folha - Por que você acha que o livro fez sucesso em países tão diferentes como EUA e Japão?
Fielding -
O motivo, eu acho, é que eles se identificam com a noção de que somos muito bombardeados com imagens de mulheres perfeitas, jovens e lindas. Você começa a pensar que nada em você é bom o suficiente. E que você tem de melhorar constantemente. Acho que é um alívio ver alguém tentando fazer isso, falhando tão espetacularmente e rindo no final.
Folha - Não é um livro com propósitos sérios...
Fielding -
Queria escrever o tipo de livro que é gostoso de ler no metrô ou na praia, com uma história boa, que fosse engraçado e tratasse da vida real, de idéias modernas. Não é uma literatura pesada, daquelas que é preciso ler cada parágrafo duas vezes para entender.
Folha - Mas o livro acabou servindo de base para artigos sobre a condição feminina, o papel do casamento etc. Você esperava esse tipo de repercussão?
Fielding -
Fiquei surpresa. O que tento mostrar no livro é a confusão da mulher moderna. As garotas bem-casadas no livro estão sempre invejando a vida de Bridget, que, por sua vez, inveja a vida dos amigas casadas. A grama sempre é mais verde do outro lado da cerca. Creio que é possível dizer que o livro fala dos dilemas enfrentados pela mulher moderna. Elas são independentes, não casaram jovens, têm emprego, apartamento, amigos, vida própria.
Folha - Por que o final feliz?
Fielding -
Porque eu gosto de finais felizes. Mas Bridget é uma pessoa confusa. Quando ela acha que está grávida, não sabe se quer ter a criança e perder a independência, de um modo cômico. É um livrinho sobre o dia-a-dia de uma mulher e mostra que as mulheres gostam de rir de si mesmas.
Folha - Quando Tom (o amigo gay) está experimentando a fantasia "aquecimento global" para o concurso Miss Mundo Alternativo, você descreve "uma grande mancha de queimada sobre o Brasil". O que mais sabe sobre o país?
Fielding -
(risos) Bem, eu tenho essa imagem excitante de pessoas dançando de forma exótica, ótima música, praias e florestas. É uma boa imagem. Há uma possibilidade de a turnê de lançamento passar pelo Brasil, mas eu ando ocupada.
Folha - Por causa de "Bridget Jones", o filme?
Fielding -
Sim, estou finalizando o roteiro. Nós também já definimos a diretora. Será Amy Heckerling, de "Patricinhas de Beverly Hills", que é bastante engraçado e também baseado num livro de Jane Austen ("Emma"). Acho bastante adequado, porque é aparentemente leve, sobre mulheres, mas bastante inteligente, no fundo, traz coisas interessantes.
Folha - Você já está escrevendo um novo livro?
Fielding -
Sim, será uma continuação do "Diário".
Folha - Então o final feliz não foi tão perfeito?
Fielding -
Com certeza não.



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