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Livro terá continuação, diz Helen Fielding
da Reportagem Local
O final feliz de Bridget Jones não
vai durar muito. A escritora Helen
Fielding já está providenciando
novos problemas de relacionamento para sua heroína.
Eles estarão na continuação de
"O Diário de Bridget Jones", como
conta a autora, em entrevista à Folha, por telefone, da Inglaterra. A
seguir, os principais trechos.
(PD)
Folha - Como você apresentaria
Bridget Jones ao leitor brasileiro?
Helen Fielding - Ela é uma solteira de 30 e poucos anos, que mora
em Londres. Bridget vive numa
busca permanente pelo aperfeiçoamento pessoal. Está determinada a parar de fumar, diminuir o
consumo de bebida alcoólica e
perder peso. Bem, logo depois que
terminar de descongelar um croissant de chocolate.
Folha - Ela é autobiográfica?
Fielding - Não. Foi criada para
uma coluna de jornal, quase como
uma piada. Como se trata de uma
pessoa fictícia escrevendo, isso
permitiu que eu explorasse certas
áreas para onde eu não iria se estivesse fazendo algo autobiográfico.
Por meio de Bridget, eu pude ser
bastante honesta com o jeito que as
mulheres pensam e exagerar, criar
situações cômicas. Isso permite a
Bridget ter pensamentos que você,
normalmente, não admite ter.
Acho que talvez, apesar de ser exagerada, irônica, uma paródia, na
raiz, há uma fundo de honestidade
nela.
Folha - Por que você acha que o
livro fez sucesso em países tão diferentes como EUA e Japão?
Fielding - O motivo, eu acho, é
que eles se identificam com a noção de que somos muito bombardeados com imagens de mulheres
perfeitas, jovens e lindas. Você começa a pensar que nada em você é
bom o suficiente. E que você tem
de melhorar constantemente.
Acho que é um alívio ver alguém
tentando fazer isso, falhando tão
espetacularmente e rindo no final.
Folha - Não é um livro com propósitos sérios...
Fielding - Queria escrever o tipo
de livro que é gostoso de ler no metrô ou na praia, com uma história
boa, que fosse engraçado e tratasse
da vida real, de idéias modernas.
Não é uma literatura pesada, daquelas que é preciso ler cada parágrafo duas vezes para entender.
Folha - Mas o livro acabou servindo de base para artigos sobre a
condição feminina, o papel do casamento etc. Você esperava esse
tipo de repercussão?
Fielding - Fiquei surpresa. O que
tento mostrar no livro é a confusão
da mulher moderna. As garotas
bem-casadas no livro estão sempre
invejando a vida de Bridget, que,
por sua vez, inveja a vida dos amigas casadas. A grama sempre é
mais verde do outro lado da cerca.
Creio que é possível dizer que o livro fala dos dilemas enfrentados
pela mulher moderna. Elas são independentes, não casaram jovens,
têm emprego, apartamento, amigos, vida própria.
Folha - Por que o final feliz?
Fielding - Porque eu gosto de finais felizes. Mas Bridget é uma
pessoa confusa. Quando ela acha
que está grávida, não sabe se quer
ter a criança e perder a independência, de um modo cômico. É um
livrinho sobre o dia-a-dia de uma
mulher e mostra que as mulheres
gostam de rir de si mesmas.
Folha - Quando Tom (o amigo
gay) está experimentando a fantasia "aquecimento global" para o
concurso Miss Mundo Alternativo,
você descreve "uma grande mancha de queimada sobre o Brasil". O
que mais sabe sobre o país?
Fielding - (risos) Bem, eu tenho
essa imagem excitante de pessoas
dançando de forma exótica, ótima
música, praias e florestas. É uma
boa imagem. Há uma possibilidade de a turnê de lançamento passar
pelo Brasil, mas eu ando ocupada.
Folha - Por causa de "Bridget Jones", o filme?
Fielding - Sim, estou finalizando
o roteiro. Nós também já definimos a diretora. Será Amy Heckerling, de "Patricinhas de Beverly
Hills", que é bastante engraçado e
também baseado num livro de Jane Austen ("Emma"). Acho bastante adequado, porque é aparentemente leve, sobre mulheres, mas
bastante inteligente, no fundo, traz
coisas interessantes.
Folha - Você já está escrevendo
um novo livro?
Fielding - Sim, será uma continuação do "Diário".
Folha - Então o final feliz não foi
tão perfeito?
Fielding - Com certeza não.
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