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1ª Guerra é cenário para "Lost Girls 3"
Na última parte de sua HQ erótica, Alan Moore defende a bandeira do "faça amor, não faça guerra"
PEDRO CIRNE
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Trata-se de uma história escrita por um dos maiores roteiristas contemporâneos de quadrinhos, Alan Moore, e ilustrada por sua então namorada, e
hoje mulher, a talentosa Melinda Gebbie. Entretanto, "Lost
Girls", cujo terceiro e último
número, "O Grande e Terrível",
sai agora no Brasil, é polêmica,
incômoda e vem como uma aura provocativa.
Mas o que incomoda mais ao
leitor? Ser uma obra erótica
que fala de orgias, incesto, pedofilia e até sexo com animais,
ou o fato de as três protagonistas serem originárias da literatura infantil clássica? Alice,
aquela do País das Maravilhas;
Wendy, a amiga de Peter Pan; e
Dorothy, de "O Mágico de Oz",
são as estrelas desta série "Lost
Girls". Mas elas não são como
você se lembra delas.
Nesta história, Alan Moore
ambientou as três moças -agora, mulheres adultas- em um
hotel na Áustria, em 1913. Elas
se conheceram no primeiro volume e começaram a trocar
confissões e memórias íntimas.
Em cada lembrança há uma homenagem, por meio de uma
metáfora ou um delírio, aos livros originais das personagens.
No segundo volume, as três
mulheres já estão mais íntimas.
As conversas, sempre de teor
erótico, são acompanhadas de
sexo e masturbação. Ao mesmo
tempo em que elas estão relembrando suas descobertas sexuais, o arquiduque austríaco
Francisco Ferdinando é assassinado com um tiro.
É neste cenário que começa o
último livro da série. A Primeira Guerra Mundial está para
acontecer. Enquanto isso,
alheias a tudo, Alice, Dorothy e
Wendy, entre um e outro ato
sexual, continuam tentando
entender os traumas, desejos e
segredos umas das outras.
Alice resgata suas relações
sexuais regadas a um chá alucinógeno, das quais ela se lembra
com detalhes distorcidos, como
se fossem partes de um sonho;
Dorothy descreve os funcionários da fazenda em que morava,
que se assemelhavam a um robô sem coração, um leão medroso e um espantalho sem cérebro; e Wendy fala do misterioso Peter que um dia entrou
pela janela de seu quarto e mudou a sua vida.
Não é difícil entender onde
Alan Moore queria chegar
quando começou a produzir
"Lost Girls", em 1991 -a obra
só foi lançada em 2006. Uma
das personagens, mirando-se
no espelho, lamenta que os soldados tenham que lutar em vez
de ficar em casa fazendo sexo:
"A guerra é uma perversão horrorosa, que vira tudo ao contrário". Nem precisou complementar com "amor e sexo são
bons; violência e guerra, não".
LOST GIRLS - VOLUME 3
Autores: Alan Moore e Melinda Gebbie
Editora: Devir
Quanto: R$ 65 (112 págs.)
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