São Paulo, sexta-feira, 31 de dezembro de 2010 |
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CRÍTICA DRAMA "O Primeiro que Disse" peca por ter personagens óbvios INÁCIO ARAUJO CRÍTICO DA FOLHA O combate a preconceitos será sempre bom combate, mas não impedirá que dele se tirem filmes levianos, como "O Primeiro que Disse", onde Ferzan Oztepek nos narra a trajetória de família de Lecce, Itália, a partir de Tommaso, que após anos de estudo em Roma volta a Lecce, onde fica a indústria da família. Tommaso conta ao irmão Antonio que é homossexual e pretende revelar o segredo em reunião familiar. O objetivo: ser expulso de casa e voltar a Roma. Surpresa, porém: antes que Tommaso abra a boca, Antonio toma a dianteira para dizer que é gay. Ficamos sabendo que os irmãos, embora bons no futebol (como se homossexuais só brincassem de boneca), são gays. O pai expulsa Antonio, sofre ataque cardíaco e passa a mimar Tommaso, encarregado de tocar os negócios na companhia de Alba. Conheceremos aos poucos o restante da família: a avó compreensiva, a mãe cuja única felicidade parece ser triturar as criadas. E a cidade, com as fofocas e o sentimento do pai de que todos riem dele porque o filho é gay. Não é preciso ir longe para descobrir que, de acordo com o filme: 1) com um pouco de razão podemos vencer os preconceitos; 2) mais vale buscar a felicidade do que servir às conveniências. É difícil discordar. E ao mesmo tempo é inútil concordar, pois é coisa estabelecida entre as camadas que vão ao cinema. Por outro lado, "O Primeiro que Disse", como quase todo filme que coloca a homossexualidade no centro, sofre por criar personagens invariavelmente legais, porém, na mesma medida, desinteressantes. Nada é intrigante, exceto a misteriosa mulher que para o próprio carro e começa a riscar um outro com as chaves. A mulher é Alba, mas nunca saberemos por que o carro foi riscado. Ela, que é de longe a melhor personagem, acaba de escanteio. Não é fácil ser mulher em filme gay. O PRIMEIRO QUE DISSE DIREÇÃO Ferzan Ozpetek PRODUÇÃO Itália, 2010 COM Riccardo Scamarcio, Alessando Preziosi e Ennio Fantastichini ONDE Cidade Jardim Cinemark, Frei Caneca Unibanco Arteplex, Lumière Playart e Reserva Cultural CLASSIFICAÇÃO não informada AVALIAÇÃO Regular Texto Anterior: Crítica/Comédia: "Trabalho Sujo" falha ao abordar pobreza Próximo Texto: Crítica/Drama: Longa sobre independência da Argélia é cinema clássico Índice | Comunicar Erros |
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