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Documentário de Coutinho celebra as canções brasileiras

Vencedor do prêmio de melhor filme de não ficção do último Festival do Rio, 'As Canções' estreia hoje

Maioria da trilha entoada pelos 18 personagens tem a ver com paixões, traições e amores perdidos

AMANDA QUEIRÓS
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Depois de quebrar a cabeça em "Jogo de Cena" (2007) e entrar em crise com "Moscou" (2009), Eduardo Coutinho, 78, conseguiu fazer o filme mais fácil de sua carreira.

"As Canções", que estreia hoje, levou apenas uma semana para ser filmado. Nele, personagens anônimos, caçados nas ruas do Rio durante um mês e meio, cantam em frente à câmera as músicas que marcaram suas vidas e explicam a relação delas com suas trajetórias.

Essa simplicidade é o oposto do que apontava o projeto ensaiado no fragmentado "Um Dia na Vida", exibido uma única vez no ano passado, na Mostra de Cinema de São Paulo, no qual compilava cenas veiculadas por uma TV ligada durante um dia.

"Queria fazer um filme sobre autoplágio, baseado na paródia, que seria um manual sobre a tolice humana, mas ia precisar de arte, figurino, ator... Ficou tão confuso que comecei a falar: 'Não quero fazer'. E, quando você tem dúvida, não é para fazer", disse ele à Folha.

Foi aí que teve o estalo: por que não um longa baseado na canção brasileira? "Quis saber do que o povo gosta, sem estatística, e por que canta", afirmou.

O resultado pega pelo coração. A maioria quase absoluta da trilha entoada pelos 18 personagens tem a ver com paixões, traições e amores perdidos, sendo Roberto Carlos o artista mais lembrado.

"Mais que a música, o importante era que a ligação com a vida fosse forte e que a pessoa falasse com eloquência. Podia ser tudo mentira, mas, se eu acreditasse, era verdade", disse.

DÉJÀ-VU

Vencedor do prêmio de melhor documentário do último Festival do Rio, "As Canções" pode provocar uma certa sensação de déjà-vu em quem conhece a filmografia de Eduardo Coutinho.

O cenário, absolutamente sóbrio, conta apenas com uma cortina ao fundo e com uma cadeira reservada a quem dá o depoimento.

Já a câmera é praticamente estática. O objetivo é claro: dar espaço à fala, à história daquelas pessoas (não é à toa, portanto, que o cartaz do filme seja ilustrado por uma boca e nada mais).

Com isso, o cineasta volta a se aproximar dos melodramas da vida real, com os quais já flertara, por exemplo, em "Edifício Master" (2002).

"O filme não tem novidade em termos. Mas eu amo todos os personagens e, sempre que o revejo, me emociono profundamente. Espero que, para os outros, passe 10% do que ele passa para mim", afirmou o cineasta.

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