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Cantor, maestro e big band gravam sucessos do pagode

Álbum 'Samba a Rigor' une Nei Lopes, Guga Stroeter e Projeto Coisa Fina com melodias de fundo de quintal

LUIZ FERNANDO VIANNA ESPECIAL PARA A FOLHA

Já faz tempo que o cantor, compositor e pensador Nei Lopes bate na corda de que o pagode, surgido nos anos 1980, é um marco revolucionário na história do samba. E afirma que o "outro" pagode, o dos teclados e dos figurinos coloridos, nublou a importância do primeiro.

Ao propor ao maestro Guga Stroeter um disco de pagodes interpretados por uma big band, Nei quis ressaltar a riqueza melódica, harmônica e também poética de canções como "Mel na Boca" (David Correa) e "Conselho" (Adilson Bispo/Zé Roberto), sucessos de Almir Guineto e de qualquer boa roda de samba.

O resultado é "Samba a Rigor", CD de 12 faixas cantadas por Nei com acompanhamento dos músicos do Projeto Coisa Fina e regência de Stroeter. A iniciativa foi gravada, mas ainda busca recursos para o lançamento.

"Esse momento do pagode tem a mesma dimensão que teve o da bossa nova na passagem para a década de 1960", afirma Nei. "Foi uma reformatação do samba. Nasceu em resposta, talvez inconsciente, aos descaminhos das escolas de samba, que passaram a cuidar só dos desfiles de Carnaval. O povo do samba precisava retomar o espírito associativo e isso aconteceu nos pagodes de fundo de quintal."

Zeca Pagodinho, Arlindo Cruz, Guineto e outros surgiram dessa maneira informal, com novidades que se firmaram --como o uso de outros instrumentos (banjo, tantã e repique de mão)-- e composições que casavam romantismo com humor, leveza com samba tradicional.

"A ideia do projeto foi do Nei, depois de um show que fizemos. Decidi entender a complexidade dessa música", conta Stroeter. "Encontrei um repertório que não conhecia e que é sofisticado na melodia e na harmonia. Retrato Cantado de um Amor' [Adilson Bispo/Zé Roberto] é uma das coisas mais bonitas da música brasileira."

"Morrendo de Saudade" (Wilson Moreira/Nei Lopes), "Água de Chuva no Mar" (Wanderley Monteiro) e "O Show Tem que Continuar" (Arlindo Cruz/Sombrinha/Luiz Carlos da Vila) estão entre as faixas escolhidas.

Nei e o Coisa Fina têm um ponto comum no maestro Moacir Santos, cuja obra é o tema principal do grupo e que já utilizou letras do cantor.

"Temos que deixar de ser pobrezinhos, quietinhos, senão somos engolidos. O samba sempre foi altivo, orgulhoso. Só assim que podemos ser olhados de igual para igual pelo mercado", diz Nei. "Não tem sentido o Brasil querer exportar pop rock, hip-hop, funk melody. Isso é burrice."


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