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Análise

'12 Anos de Escravidão' é a típica produção que ganha o Oscar

INÁCIO ARAUJO CRÍTICO DA FOLHA

Existe filme mais típico do Oscar do que "12 Anos de Escravidão"? Difícil. Estamos ao mesmo tempo no terreno do humanismo e do espetáculo. Partilhamos a dor do homem que não era escravo, mas foi tornado escravo (nisso, o filme contempla muitas escravidões contemporâneas sem o desgaste de se referir a elas).

"12 Anos" fica bem com todo mundo: negros e brancos. Difícil não vencer. É provável que arraste junto seu diretor, Steve McQueen, que pulou da falsa vanguarda ("Shame") ao academismo sem sequer corar. Prefiro ele na Faap perguntando "cadê os negros?". Fazia mais sentido.

Minhas preferências passam longe daí: "O Lobo de Wall Street", que tantos acham longo, me pareceu até bem conciso. Scorsese conta a mesma história de outros filmes seus: um cara mixaria sobe loucamente na vida antes de se esborrachar.

Desta vez, Scorsese serve-se de um personagem real para fazer uma demonstração bastante interessante do capitalismo financeiro. Também a adaptação do livro ao roteiro me parece difícil.

Devo dizer que filmes em preto e branco não raro me desgostam. Mas não vejo outra pigmentação para "Nebraska". Não é afetação: o mundo do personagem é em preto e branco. Seres humanos é o que se vê. Hollywood não sabe mais lidar com isso.

Não me espantarei se "12 Anos" ganhar por roteiro adaptado. Politicamente é conveniente. Mas não creio que arraste seu ator principal.

Há um Leonardo DiCaprio extraordinário (a cada filme está melhor) e um Bruce Dern surpreendente. Embora os quilos perdidos por Matthew McConaughey para "Clube de Compras Dallas" o credenciem mais que tudo.

Entre as atrizes, Cate Blanchett me impressionou muito em "Blue Jasmine". Faz um personagem complicado com desenvoltura invejável.

Existe algo a dizer sobre a opção por "até 10 filmes" indicados na categoria principal. São nove. Alguns parecem rifados, como "Capitão Phillips". Ainda assim, o leque ampliado propicia colocar filmes dignos que antes nem seriam considerados e perde-se em parte aquela marca de "filme de Oscar".

Por fim: não sou fã de carteirinha dos irmãos Coen, mas "Inside Llewyn Davis" merecia sorte melhor. Ou não: o Oscar não é uma festa da melancolia.


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