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Obra de Marina Abramovic vira videogame

DE SÃO PAULO

Mesmo sem estar à venda, a arte na internet virou entretenimento, ou melhor, foi traduzida para o videogame.

Quando a artista Marina Abramovic fez uma performance no MoMA, em Nova York, em que se sentou cara a cara e olho no olho com cada um dos visitantes do museu que ficasse na fila, não imaginou que a experiência da espera seria tão atordoante e muito menos que isso se tornaria um joguinho virtual.

Intrigado com a disposição de milhares para encarar uma fila de horas só para ficar cara a cara com Abramovic, a célebre performer sérvia, o artista dinamarquês Pippin Barr criou um videogame que simula toda a experiência on-line, só durante as horas de funcionamento do MoMA.

"Você espera e nada acontece. Também precisa prestar atenção na fila, para não ser empurrado para fora", explica Barr. "É uma tensão interessante, porque a performance é chegar lá. Demorou umas cinco horas para mim, e passei três minutos olhando os olhos digitais dela."

Uma vez diante da Abramovic real, alguns visitantes fizeram a artista chorar. Mas no geral, e como ocorre no videogame, ela só pisca algumas vezes, tornando a recompensa da espera um anticlímax bizarro e intencional.

"Esse trabalho é bem aquilo que as pessoas odeiam na arte contemporânea, a ideia de que qualquer um pode fazer igual e nada acontece", diz Barr. "Mas não é preciso muito esforço para ver quão árduo isso foi para a artista."

Barr então focou a ideia de resistência física da performer e pôs à prova quem decide se aventurar no game.

Cada vez que alguém acessa o jogo em pippinbarr.com, a experiência muda.

Dependendo do número de visitantes, pode levar minutos ou horas para ver a Abramovic virtual. "Acho que consegui reproduzir a ideia do trabalho dela, o engajamento com o público", diz Barr. "Esperar é uma das coisas mais difíceis num game."

(SM)

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