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Televisão Conto de Aluísio Azevedo é atualizado em filme na TV Chantagem e sedução são elementos da trama inspirada em 'O Madeireiro' Nudez sugerida na literatura acionou radar da Record; segundo diretor, canal não interferiu nas cenas ANNA VIRGINIA BALLOUSSIERDE SÃO PAULO Como trazer o amor perdido em três dias? Na trama do conto "O Madeireiro", isso ocorre por meio de chantagem e da sedução. Pode ser que leve mais tempo, mas o método demonstra-se infalível. Escrita no século 19 pelo romancista Aluísio Azevedo (do clássico "O Cortiço"), a história é atualizada por um telefilme exibido na madrugada pós-Natal pela Record. O pulo no tempo, no entanto, não altera a premissa: o amor é um jogo, e ganha quem tiver as melhores cartas na mão. Ou melhor, quem sabe blefar. Laura (Bianca Rinaldi) e Júlio (Petrônio Gontijo) se apaixonam. Mas a moça é casada, e, nesse primeiro momento, o romance literalmente não sai do papel. Eles consumam a paixão com cartas tórridas. Até que o marido de Laura morre. Com isso, se deteriora o interesse de Júlio pela viúva. Ela não se dá por vencida. Envia novo escrito, se dizendo envolvida com o tal madeireiro do título (Breno de Filippo) para provocar ciúmes. Funciona. No conto original, o personagem de Júlio vê-se assombrado pelo "espectro" do rival, "um bruto, vermelho, gordo e suarento". E passa a chantagear Laura, que exige de volta as cartas trocadas no passado. A cada carta entregue, eles vivem uma noite de amor. São essas cenas, inclusive, que acionaram o radar da direção da Record, assustada com o excesso de nudez e sexo na produção. Idealizador do projeto, Adolfo Rosenthal afirma que a emissora não interveio no telefilme produzido pela Contém Conteúdo. "Não houve intenção de ser apelativo em nenhum momento, apenas de retratar o jogo de sedução e a paixão entre os personagens", diz. Gontijo, que vive Júlio, concorda. "O erotismo na obra do Aluísio aparece de maneira elegante. Nós ficamos muito à vontade." DE VOLTA PARA O FUTURO Carta pode até ser um meio de comunicação em desuso. Mas, para Rosenthal, que codirige "O Madeireiro" ao lado de Moacyr Góes, foi "perfeitamente possível trazê-la para os dias de hoje, pois são cartas românticas, e essas ainda são escritas". Desde 2008, Rosenthal pesquisa obras brasileiras que possam ser adaptadas no projeto Os Imortais. Dessa leva, a Record já exibiu produções inspiradas em Machado de Assis e Erico Verissimo. "É preciso mostrar que os clássicos são eternos", diz. Outro tema que se renova de tempos em tempos é o do poder feminino. A princípio, Júlio é o manipulador e chantagista que acredita estar com as rédeas da relação. Sem estragar o final da trama, percebe-se que não é bem por aí. "No fundo, as mulheres manipulam os homens sem que eles percebam", afirma Rosenthal. Gontijo assina embaixo: "Júlio é um 'playboy' de época apaixonado por uma mulher, mas que não conseguia enxergar isso. Ela tomou uma postura e exerceu o domínio da situação". Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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