São Paulo, cidade deserta

Uma árvore para o Natal de 2012

Finalmente chegou o Natal. Depois das festas de confraternização, dos amigos secretos e do corre-corre em busca de presentes, perus e afins, as pessoas já podem respirar aliviadas, arrematar os restos da ceia e se esticar no sofá com a sensação de missão cumprida.

Mas ainda há muita gente que tem apetite para ir até a árvore de Natal do Ibirapuera ou para passear pela enfeitada avenida Paulista.

Já faz tempo que vejo essas decorações com certa indiferença. Mas nem sempre é fácil passar batido. Como não ter dó daquelas árvores inocentes com catapora de luzinhas? Ou evitar os calafrios a cada bom velhinho com seu "look" polo Norte em pleno "Saara" paulistano?

Juro que vi um homem vestido de ajudante de Papai Noel usando um cachecol! E os engarrafamentos? Uma mãe relata que passou três horas dentro do carro para ir da avenida Dr. Arnaldo até a Paulista.

Ela queria ver a passarela que montaram entre as ruas Padre João Manoel e Ministro Rocha Azevedo, com um Papai Noel de sete metros de altura e pelúcias gigantes.

Fui conferir. Parece a estação Sé do metrô às 18h. No meio do funil de gente, com suas câmeras insaciáveis, cheguei a pensar que os maias tinham errado as contas e o mundo já havia acabado.

Uma criança pergunta para a mãe: "É aqui o shopping Iguatemi?". Pois é, parece que querem transformar a cidade inteira num imenso shopping, eu quis responder.

Afinal, os enfeites na fachada do Conjunto Nacional, feitos com garrafa pet, me deram uma ideia: por que não fazer a árvore de Natal do Ibirapuera a partir de sucata e materiais recicláveis (coletados no próprio parque durante todo o ano)?

Mais: a iluminação poderia ser gerada a partir de um sistema com bicicletas fixas. Dessa forma, as luzes só se acenderiam com as pedaladas de cada cidadão.

Enfim, uma árvore decorada com lixo/luxo seria perfeita para o Natal do fim do mundo.

MICOU EM SÃO PAULO?

1 Se tiver fôlego

Enfrente a multidão para ir à passarela sobre a Paulista, entre as ruas Padre João Manoel e Ministro Rocha Azevedo, das 12h às 20h

2 Para fugir do "dingonbel"

O restaurante Spot (al. Ministro Rocha Azevedo, 72), que abre hoje das 20h à 1h, pode ser um refúgio. Uma chandon Baby custa R$ 26

3 Almoço alternativo

Reúna os amigos e os restos da ceia num piquenique na praça do Pôr-do-Sol (entre a av. Diógenes Ribeiro de Lima e a r. Desembargador Ferreira França, no Alto de Pinheiros)