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Novelas brasileiras perdem espaço fora

Temas libertários talvez ajudem a diminuir impacto das produções do Brasil no Oriente Médio, diz pesquisadora

Na região, cresce audiência de novelas orientais, que tratam da mulher árabe com mais sensibilidade

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE ISTAMBUL (TURQUIA)

"A fórmula é simples: há amor e há vingança", afirma Özlem Özsümbül, do KanalD, que produz novelas turcas e com elas cresceu 40% em cinco anos, tomando o espaço das novelas brasileiras.

"Não há clones nem espíritos", diz, tirando um sarro do realismo fantástico do produto nacional brasileiro. "Nem sexo." Quer dizer, sexo até há nas novelas orientais. Mas é sempre coberto por lençol, precedido de casamento e seguido de gravidez.

"Está aí a diferença", diz a pesquisadora Isabel Cunha Ferin, da Universidade de Coimbra, "as telenovelas brasileiras são consideradas muito libertárias". "Em especial por ter mulheres sexualizadas. Talvez por isso diminua seu impacto nos países da região [Oriente Médio]."

Já as produções locais, diz a professora, têm "uma ficção com conteúdos e sensibilidades mais próximos, principalmente no que toca à condição da mulher árabe".

Tocar o público feminino foi de fato a peça-chave nessa expansão. O último capítulo de "Noor", sucesso de 2010, bateu o recorde de audiência no mundo árabe: 85 milhões de telespectadores -metade, mulheres adultas.

"É ouro! Hoje, eu compraria qualquer coisa que a Turquia produzisse. Não posso dizer mais o mesmo para o Brasil e para o México", diz o diretor de um canal egípcio, sob pedido de sigilo, em uma feira de publicidade em Istambul. Na feira, foi anunciada a vinda dos noveleiros muçulmanos para a América: "Amor Proibido" ganhará em 2013 uma adaptação latina, da mexicana Televisa.

Principal rede brasileira a exportar novelas, a Globo diz em nota que não houve diminuição nas vendas à região. "De 2000 a 2008, os negócios da emissora eram vendidos para as línguas árabe e hebraico. A partir de 2009, abrimos o mercado para o idioma farsi [falado no Irã, Afeganistão e Tadjiquistão]."

Enquanto a novela da batalha pelo mercado muçulmano é travada, Zeinep, que aprendeu português com a TV, começa a estudar turco. "Eu preciso falar a língua deles", diz. Dessa vez em árabe mesmo.

(CHICO FELITTI)

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