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Crítica biografia

Baterista do Rush divaga sobre história e tristeza em viagem

Em 'Ghost Rider - A Estrada da Cura', Neil Peart narra sua turnê sem destino

ANDRÉ BARCINSKI ESPECIAL PARA A FOLHA

Em 4 de julho de 1997, o mundo de Neil Peart, baterista do grupo de rock canadense Rush, começou a ruir.

Naquele dia, sua única filha, Selena, de 19 anos, morreu em um acidente de carro, no Canadá. Dez meses depois, sua mulher, Jacqueline, morreu de câncer.

O que faz um sujeito diante de tragédias como essas? Se você é Peart, milionário e apaixonado por viagens, larga tudo, pega sua possante BMW e parte para uma turnê sem destino.

É essa viagem que ele descreve em "Ghost Rider "" A Estrada da Cura", lançado originalmente em 2002 e que chega agora ao Brasil.

Por 14 meses, Peart viajou do Canadá ao Alasca, e depois desceu até México e Belize. Foram 90 mil quilômetros, mais de duas vezes a circunferência da terra.

"Ghost Rider" traz lembranças dessa viagem, cartas escritas para amigos e divagações sobre literatura, história e natureza.

Peart não é o típico "rock star" alienado da realidade. Sempre foi um leitor compulsivo, escreveu vários livros sobre viagens --incluindo um sobre uma travessia de bicicleta pela África-- e é autor da maioria das letras do Rush.

Nos anos 90, já considerado um dos maiores bateristas do rock, percebeu que tinha muito a melhorar, deu um tempo nas atividades da banda e foi estudar jazz com Freddie Gruber, baterista que havia tocado com Charlie Parker.

Peart tentou fazer de "Ghost Rider" uma mistura de memórias de viagem com exploração metafísica, parte "Easy Rider "" Sem Destino", filme de Dennis Hopper de 1969, e parte "On the Road", livro de Jack Kerouac de 1957.

Mas o fato é que sua saga não foi tão "sem destino" quanto pode parecer: ele continuou usando os serviços do escritório do Rush para ajudá-lo com questões logísticas e, em determinado momento, cansado da trip, pega um avião e manda a moto de volta num caminhão.

Fãs do Rush que buscarem segredos de turnê ou bastidores vão se decepcionar. Peart quase não fala de música e dedica pouco espaço aos companheiros de banda Geddy Lee e Alex Lifeson (descritos como "grandes amigos").

Mas gasta dezenas e dezenas de páginas falando de Brutus, um amigo que é preso por porte de maconha.

A descrição da tristeza de Peart é comovente, e suas percepções sobre a América --o racismo, a desigualdade, a brutalidade de sua história, os conflitos com povos indígenas e negros-- são bem escritas e trazem indagações interessantes.

Mas, no geral, o livro é prolixo demais, estende-se além da conta em determinadas passagens (especialmente nas cartas a amigos). Poderia ter 300 páginas, e não 500.


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